«A administração de Donald Trump quer sufocar ainda mais os cubanos e este ano activou o Título III da Lei Helms-Burton», afirmou o secretário-geral do Partido Comunista da Índia (Marxista), Sitaram Yechury, numa entrevista que concedeu à Prensa Latina, esta quinta-feira, em Nova Déli.
Considerou, no entanto, que os «Estados Unidos jamais conseguirão destruir a Revolução cubana» com esse passo. A este propósito, Sitaram Yechury lembrou que Washington tem vindo a perseguir a destruição da Revolução «desde 1960, sem êxito». «E não vão atingir os seus objectivos, embora continuem a aumentar a pressão económica sobre o corajoso povo cubano», declarou.
Sobre a Lei Helms-Burton, o secretário-geral do PCI(M) recordou que «foi promulgada em 1996, há 23 anos». «Com ela, a Casa Branca intensifica ainda mais o criminoso bloqueio contra Cuba», sendo que «este terceiro título, que foi activado em Março último, diz respeito a propriedades que foram nacionalizadas na ilha caribenha após o triunfo da Revolução, em 1959», explicou.
«Contudo, essas propriedades foram nacionalizadas de acordo com as normas cubanas. Cuba, tal como o recordo, negociou com muitos países europeus – entre eles Espanha e outros com os quais mantém actualmente excelentes relações económicas – todos os procedimentos de nacionalização que foram promulgados, e não houve qualquer problema», disse.
Para o dirigente comunista indiano, a «verdadeira intenção» dos Estados Unidos, que se recusaram a aceitar as nacionalizações, «não é obter uma compensação, mas provocar danos graves à economia cubana». «A Lei Helms-Burton declara de forma inequívoca que visa derrubar o governo socialista de Cuba e ter aí um regime fantoche do imperialismo norte-americano. Esse é que é o objectivo político», defendeu.
Agressividade crescente dos EUA e apoio renovado à Ilha
«Com Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a agressividade aumentou consideravelmente», denunciou Sitaram Yechury, que recordou a política de «hegemonia norte-americana a nível mundial» e, em particular, a interferência dos EUA nos assuntos internos dos países latino-americanos, por considerarem «a América Latina como seu pátio traseiro».
Numa mensagem à Ilha, que há 60 anos luta contra o bloqueio ilegal imposto pelos Estados Unidos, Yechury sublinhou que «há sempre solidariedade na Índia com o povo cubano e o Partido Comunista de Cuba», e que essa solidariedade continuará a alastrar, pois «ninguém deve interferir com a autoridade soberana do povo de um país». «Os Estados Unidos tentam fazê-lo e isso é inadmissível», afirmou.
O dirigente comunista lembrou que a Assembleia Geral das Nações Unidas rejeitou de forma esmagadora, em anos consecutivos, a Lei Helms-Burton e que ele mesmo votou uma vez, em representação da Índia, a favor da condenação do bloqueio económico. Apesar da forte ofensiva por parte dos EUA, disse ter a certeza de que os cubanos, que «sempre os derrotaram», os «vão derrotar de novo».
Cuba, «fonte de inspiração»
«Cuba foi sempre uma grande fonte de inspiração para a minha geração, que cresceu quando na Ilha se afirmava o Socialismo», afirmou o secretário-geral do PCI(M), sublinhando que líderes como Fidel Castro e Che Guevara marcaram os jovens da sua geração e continuam a ser uma «inspiração».
«A Revolução cubana teve um impacto muito significativo nos assuntos mundiais» e continua a ser importante para «os povos que lutam por um sistema social melhor», disse.
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