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Pandemia acelera nos EUA e atinge os 120 mil infectados

Um jovem morreu após lhe ter sido recusado o atendimento num serviço de urgência privado próximo, por não dispor de seguro de saúde. A pandemia da COVID-19 acelera nos EUA e atinge os mais fracos.

Mulher usa uma máscara de protecção, em Nova Iorque, estado de Nova Iorque, Estados Unidos da América.
Créditos / New York Post/Getty Images

Um adolescente de Lancaster, no condado de Los Angeles, Califórnia, morreu após lhe ter sido recusado o atendimento num serviço de urgência privado, por não ter seguro de saúde.

O jovem, que o presidente do município de Lancaster, reverendo Rex Parris, «não tinha problemas de saúde» e na sexta-feira anterior (13 de Março) se encontrava «saudável» e a confraternizar com os amigos», mas que na quarta-feira seguinte (18 de Março) se dirigiu a um serviço de urgência privado próximo. Por não ter seguro de saúde e devido ao seu estado foi enviado para o Hospital Antelope Valley, na mesma cidade. No caminho teve uma paragem cardíaca e, apesar de o hospital público ter conseguido reanimá-lo, morreu seis horas depois.

Apesar de a morte ter ocorrido nessa data, a notícia apenas foi tornada pública ontem, 27 de Março, quando o presidente do município se referiu ao caso num vídeo postado na sua conta do Twitter.

Na comunicação, disponível na internet, a preocupação do autarca vai para a necessidade de os cidadãos se manterem em casa e se dirigirem imediatamente às urgências hospitalares em caso de apresentarem sintomas da COVID-19. O não atendimento de uma situação de urgência em unidades de saúde privadas por falta de seguro de saúde é um facto corrente nos EUA, onde não existe um serviço nacional de saúde.


A morte do jovem, cujo nome não é mencionado, foi anunciada terça-feira pelo Departamento de Saúde Pública do condado de Los Angeles e inicialmente relatada como um caso de coronavírus – tornando-se o primeiro caso de um jovem a morrer nos EUA devido à doença COVID-19, noticia a 10 News, uma sucursal da cadeia de televisão ABC em San Diego. Mais tarde, porém, as autoridades de saúde «retiraram o diagnóstico afirmando «que o caso é complexo e pode haver uma explicação alternativa para essa fatalidade».

Na sequência dessa decisão e enquanto aguarda a investigação pelas autoridades federais do Centro de Controlo e Prevenção de Doença a morte do jovem não foi incluída entre as 21 vítimas de COVID-19 no condado, anunciadas na manhã de 27 de Março.

Epicentro da pandemia desloca-se para os Estados Unidos

O que há uns dias era visto apenas como uma possibilidade está cada vez mais próximo de ser uma dura realidade: o epicentro da pandemia da COVID-19 está a deslocar-se para os Estados Unidos.

São já 120 mil os infectados pela doença COVID-19 nos Estados Unidos da América (EUA), com o número de mortes a rondar o número de 2000. Mais de 70 mil dos infectados e cerca de 1000 mortes concentram-se em Nova Iorque e nos estados que lhe são mais próximos.

Os EUA tornam-se o país do mundo com mais infectados, consideravelmente à frente da Itália, China, Espanha e Alemanha – todos com mais de 50 mil contágios. A expansão da doença foi vertiginosa nos últimos quatro dias, em que se registaram mais de 60 mil casos, cerca de 20 mil dos quais apenas ontem.

A pandemia causada pelo novo coronavírus, designado como SARS-CoV-2, infectou à data mais de 650 mil pessoas em quase 200 países e causou mais de 30 mil mortes.

Na segunda-feira passada, com menos um terço de infecções e quase menos de metade das mortes, o director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, manifestou-se preocupado com o nível de aceleração da pandemia: «demorou 67 dias, desde o primeiro caso reportado, para atingir 100 mil casos, 11 dias para os segundos 100 mil e apenas quatro dias para os terceiros 100 mil», referiu.

Tedros Ghebreyesus, segundo a Associated Press (AP), pediu ao presidente dos EUA para «assumir a responsabilidade» e liderar o combate à pandemia da COVID-19, no que a agência noticiosa considerou uma resposta indirecta às declarações de Donald Trump no sentido de as medidas de contenção nos EUA poderem estar levantadas pela Páscoa para que então viesse a haver «igrejas cheias» por todo o país.

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