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Peças arqueológicas regressam ao México após 30 anos nos Países Baixos

Um conjunto de 17 objectos arqueológicos que estiveram na posse de cidadãos neerlandeses durante três décadas voltou ao México, respeitando o direito do país a preservar a sua história e cultura.

Peças arqueológicas devolvidas ao México por dois cidadãos neerlandeses 
Créditos / La Jornada

A Embaixada do México nos Países Baixos recebeu 17 peças arqueológicas, que foram voluntariamente restituídas ao país azteca por dois cidadãos neerlandeses, informou o Ministério mexicano dos Negócios Estrangeiros.

A entrega segue-se à recente polémica gerada pelo leilão em Paris de peças provenientes de Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru e República Dominicana, contra a qual as autoridades mexicanas fizeram uma intensa campanha.

Na sede diplomática, na Haia, Hubert de Boer e Liesebeth Mellis procederam à devolução formal destes bens culturais, que datam do período compreendido entre 400 e 1521, segundo informou o ministério em comunicado.

Durante a cerimónia, o embaixador mexicano, José Antonio Zabalgoitia, agradeceu a De Boer e Mellis pela iniciativa de devolver ao país o património arqueológico que lhe pertence.

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México critica leilões de património pré-hispânico em França

Andrés Manuel López Obrador disse que as casas de leilões francesas foram longe demais na venda de objectos pré-hispânicos e lamentou a falta de legislação para controlar este tipo de acções.

Peça olmeca, do período clássico restituída ao México, que tem feito uma intensa campanha pela devolução do património saqueado ao país nas várias fases da sua história  
Créditos / @m_ebrard

Referindo-se, na segunda-feira, aos leilões de património cultural do país azteca, o presidente do México considerou-os «imorais» e disse que as casas de leilões chegaram inclusive a enviar fotografias de relíquias ao Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) para perguntar à instituição mexicana se eram genuínas e as poder vender por mais dinheiro.

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Peças nunca vistas no país integram a exposição «La grandeza de México»

A mostra, patente ao público até 26 de Abril na Cidade do México, evidencia a enorme riqueza cultural do país. Algumas peças foram repatriadas nos últimos 3 anos, outras são empréstimos de museus estrangeiros.

Museu Nacional de Antroplogia, Cidade do México 
Créditos / dondeir.com

«La grandeza de México» é uma mostra da história, arqueologia, artesanato, escultura, óleos, danças indígenas que expressam «a imensa riqueza cultural» do país americano, e que documenta ainda processos históricos e de luta, segundo nota dos organizadores.

A exposição permanecerá aberta ao público até 26 de Abril deste ano nas suas duas sedes, ambas na capital mexicana: o Museu Nacional de Antropologia (MNA) e o Salão Ibero-americano, da Secretaria de Educação Pública (SEP).

No total, ambos os espaços reúnem mais de 1500 peças (380 no MNA e 1145 no SEP), algo que, nalguns casos, só se tornou possível graças à acção da «diplomacia cultural» das autoridades mexicanas.

Deste modo, indica o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), é possível ver na Cidade do México «um panorama único sobre a vastidão do património cultural, a história e as identidades que foram criadas no território que é hoje o México».

Dois dos curadores, Baltazar Brito Guadarrama e Karina Romero Blanco, sublinharam quão importante é reunir obras patrimoniais poucas vezes vistas e, inclusive, inéditas museograficamente.

«A exposição celebra as múltiplas identidades do México, convidando o público a conhecer uma variedade de linguagens, culturas e manifestações artísticas que foram criadas em diferentes momentos da nossa história», disse Karina Romero, citada pelo INAH.

Mais de 1500 peças em dois espaços

No Salão Ibero-americano, 264 das 1145 peças são «nacionais», 879 são «repatriações» alcançadas nos últimos três anos e duas são empréstimos de obras de outros países, informa a SEP, que subdivide a mostra em regiões: Sudeste e área Maia; Altiplano e Norte do México; às quais junta um «módulo geral para documentar os processos de um povo em luta».

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Recuperada no México vasilha maia milenária com escrita hieroglífica

Especialistas do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) recuperaram uma vasilha de estilo Chocholá, gravada com um texto hieroglífico, durante trabalhos arqueológicos nas obras do Tren Maya.

Imagem divulgada pelo INAH da vasilha maia agora descoberta no Iucatão 
Créditos / inah.gob.mx

Um comunicado do INAH precisou que este tipo de cerâmica data de finais do período Clássico Inicial ao Clássico Tardio (entre 600 e 800 d.C.), atribuído à zona de Oxkintok, uma região que se propôs como a área de produção deste estilo de peças, no Iucatão, informa o diário La Jornada.

Trata-se, esclarece, de um tipo de vasilhas com ampla presença no Norte do Iucatão, mas cuja maioria registada é proveniente de colecções privadas como resultado do saque e do comércio ilícito, sem que se conheça o contexto cultural arqueológico da proveniência – daí a importância da peça recuperada.

As vasilhas Chocholá, explica o texto, caracterizam-se por apresentar texto hieroglífico, embora possam ou não apresentar cenas iconográficas. De um modo geral, a escrita trata de uma Sequência Primária Padrão ou frase dedicatória, que descreve o objecto e menciona o seu proprietário e o possível conteúdo.

Imagem da vasilha e das inscrições glíficas por separado / lectormex.com

O estilo de vasilhas Chocholá, acrescenta o comunicado do INAH, foi assim designado pelo arqueólogo e epigrafista norte-americano Michel D. Coe, na sua obra The Maya Scribe and His World, devido ao facto de a maioria das peças apresentadas no catálogo referido terem sido adquiridas na zona de Chocholá, por parte dos coleccionistas.

O arqueólogo Ricardo Abraham Mateo, membro da equipa de trabalhos arqueológicos do Proyecto Tren Maya, que leva a cabo a análise epigráfica da vasilha, detalha que, de acordo com os especialistas que estudaram a região, são poucas as vasilhas com estas características que se recuperaram no seu contexto original.

Segundo o estudo epigráfico do especialista, o texto gravado na peça é uma Sequência Primária Padrão ou frase dedicatória.

Consiste em cinco conjuntos de inscrições glíficas, que são lidas da seguinte forma: A1 u jay (u-ja-yi) «É a sua taça»; B1 yuk'ib (yu-k'i-bi) «o seu copo»; C1 ta yutal (ta-yu-ta) «para o seu afrutado»; D1 tsihil kakawa (tsi-li-ka-wa) «cacau fresco ou novo»; D1 Sajal (sa-ja-la?) «do Sajal» (homem subordinado ou exclamador).

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A grande diversidade cultural e natural do país americano pode ser também apreciada nas 380 peças que integram a mostra no MNA, algumas das quais voltam a território mexicano pela primeira vez, como a Carta topográfica de la Ciudad de México, de 1550, proveniente da Universidade de Uppsala (Suécia); a vestimenta litúrgica elaborada com plumas de colibri, seda e linho do século XVIII, assim como outras peças que foram emprestadas pelo Museu do Quai Branly-Jacques Chirac e o Museu das Américas, ambos em França.

«As peças pré-hispânicas, documentos originais e fac-similares, bem como os óleos de artistas mexicanos, revelam o nosso passado para dar um novo significado ao presente», refere ainda a nota dos organizadores.

A exposição divide-se em cinco apartados temáticos: «Território: palcos de vida e paisagens culturais», «Espiritualidade: uma via para compreender o mundo», «O individuo: origem e centro das culturas», «Simbolismo: ideias e representações do mundo» e «O motor da história».

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López Obrador disse ter dado ordens ao INAH para que não responda mais a esse tipo de solicitações. «Têm o descaramento, as organizações que se dedicam a leiloar estas peças, de pedir informação ao INAH mediante fotografias para que o INAH lhes diga se são autênticas ou falsas», disse, citado pela agência Associated Press (AP).

O presidente mexicano criticou o governo francês por «não ter feito nada para impedir que seja leiloado este tipo de objectos nos últimos anos» e defendeu que os franceses deviam agir mais como o executivo italiano, que fez um esforço no sentido de identificar e devolver objectos antigos.

Acrescentou que a sua esposa, Beatriz Gutiérrez Müller, escreveu ao ministro francês dos Negócios Estrangeiros para lhe pedir que seja travada a venda de cerca de 50 artefactos mexicanos, nos próximos dois leilões.

Além disso, as embaixadas de Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru e República Dominicana em França emitiram, esta terça-feira, um comunicado conjunto expressando «veemente repúdio» pelos leilões de bens culturais pré-colombianos em Paris.

Cartaz da campanha contra o leilão de peças pré-hispânicas em Paris / Twitter

A casa Société Baecque et Associés leiloa hoje objectos de povos originários de todas partes do mundo. Para sexta-feira, dia 11, está marcado o leilão de vários artefactos pré-hispânicos de diversas partes da América Latina, na Société Binoche et Giquello.

López Obrador disse que muitas das peças à venda são falsas e pediu aos eventuais compradores «que não ajam como delinquentes», refere a AP.

Até ao momento, o México, que lançou uma campanha pela devolução de objectos das civilizações maia e azteca, bem como de outros povos pré-hispânicos, conseguiu recuperar 6000 peças, sobretudo provenientes de Itália, EUA, Alemanha e Canadá.

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Por seu lado, os cidadãos neerlandeses afirmaram que decidiram devolver as peças depois de visitarem a exposição Aztecas, actualmente patente no Museu de Etnografia da cidade de Leiden, refere o La Jornada.

De acordo com o parecer emitido por peritos do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), as peças de barro, de estilo huasteco, mexica e mixteco, são autênticas.

Até ao momento, o México conseguiu recuperar 6000 peças no âmbito da campanha que o governo de López Obrador lançou pela devolução de objectos das civilizações maia e azteca, bem como de outros povos pré-hispânicos.

Só o ano passado foram devolvidos mais de 1200 artigos, sobretudo provenientes da Alemanha, Itália, Países Baixos, Dinamarca, Austrália, França e Estados Unidos.

De acordo com as autoridades mexicanas, a campanha insere-se numa política mais ampla destinada a promover o respeito e reconhecimento pela história e a identidade dos povos indígenas.

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