Em comunicado emitido segunda-feira, o Comité Central do Partido Comunista do Chile, de que Jadue é militante, manifesta o seu total apoio ao autarca de Recoleta (Santiago do Chile) e agradece as «múltiplas expressões de solidariedade», tanto no país como a nível internacional, que destacam «a sua gestão política, pública e municipal».
Nos três períodos à frente do município, o trabalho do presidente «é reconhecido, em primeiro lugar, pelos seus próprios habitantes», refere o texto, aludindo a vários programas então implementados para benefício da população da comuna, como a Farmácia, a Óptica, a Livraria Popular, o Centro de Reabilitação, a Rede de Bibliotecas ou a Universidade Aberta.
Daniel Jadue ficou a saber que uma juíza lhe decretava a prisão preventiva, ao ser presente a tribunal para conhecer as medidas cautelares que lhe podiam ser impostas, no âmbito de um processo em que é acusado por alegados crimes de suborno, fraude fiscal, administração desleal e corrupção nas negociações com a Associação Chilena de Municipalidades com Farmácias Populares para a compra e venda de materiais durante a pandemia.
A magistrada, que pediu a prisão tal como solicitado pelo Ministério Público, alegou que a liberdade de Jadue seria «perigosa para a segurança da sociedade».
Medida «desproporcionada»
O Partido Comunista do Chile considera «desproporcionada» a prisão preventiva decretada e manifesta inteira convicção na inocência do autarca de Recoleta.
Reagindo no Twitter (X), Jadue afirmou: «Julgam-me pela nossa gestão transformadora. Não há um só peso no meu bolso. Vamos recorrer desta medida desproporcionada».
Ramón Sepúlveda, advogado de defesa do autarca comunista, considerou a medida cautelar como uma «injustiça» e um posicionamento «grave», uma vez que «dá como acreditados factos sem antecedentes».
Para Juan Torres, jornalista especializado em política internacional, Daniel Jadue é mais uma vítima do lawfare (guerra jurídica) na América Latina. «O seu único crime foi propor uma nova forma de governo, desafiando o modelo perverso», disse, citado pela Prensa Latina.
Cartas solidárias e muito apoio na América Latina
Entretanto, mais de 1500 personalidades subscreveram uma carta na qual classificam o processo judicial movido contra o autarca chileno como um caso de perseguição política e judicial.
Múltiplas organizações da região também expressaram o seu apoio e solidariedade a Jadue, nomeadamente o Fórum de São Paulo, a Alba Movimientos e a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
Da mesma forma o fizeram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Marcha Patriótica ou Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho.
«Vemos com preocupação a perseguição midiática, judicial e política de Daniel Jadue, sobretudo pelo que ele representa: um projeto de democratização e protagonismo popular que melhorou substancialmente a vida de milhares de famílias chilenas, gerando uma referência nacional e internacional no que respeita aos governos locais», lê-se no portal do Fórum de São Paulo, que lança um «alerta democrático».
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