O Iémen enfrenta «um grave surto de cólera», com mais de 8500 casos registados em 14 províncias, desde 27 de Abril, afirmou, este domingo, o director de operações do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Dominik Stillhart, referindo-se a dados compilados pelo Ministério iemenita da Saúde, que declarou o estado de emergência na capital do país.
Na conferência de imprensa, que decorreu em Saná, Stillhart sublinhou a situação de ruptura que se vive nos hospitais, havendo casos de camas com «quatro pacientes com sintomas de cólera» e de «doentes nos jardins», acrescentou.
Também Hussein El Haddad, director do Hospital Sabeen, em Saná, se pronunciou neste sentido, afirmando que «a situação é muito má», que «há inúmeras crianças a sofrer de cólera», que «o número de camas não é suficiente» e que «não existe competência técnica suficiente para lidar» com a actual situação, revela a PressTV.
Destruição, crise humanitária e fome
Em mais de dois anos de guerra de agressão, os ataques da Arábia Saudita e dos países seus aliados têm conduzido à destruição de muitas das infra-estruturas – casas, escolas, hospitais, fábricas, explorações agrícolas – daquele que é considerado o país mais pobre do mundo árabe.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), são poucas as infra-estruturas sanitárias que ainda funcionam no Iémen, onde dois terços da população não têm acesso a água potável. Destacando a grave crise humanitária que se vive no país, que classifica como situação de «emergência», a ONU sublinha que 3,3 milhões de iemenitas – dos quais 2,1 milhões são crianças – são afectados por subnutrição e 500 mil por má-nutrição severa.
Ainda de acordo com os alertas emitidos pelas Nações Unidas, 7 milhões de pessoas passam fome no Iémen e 17 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar.
Tendo como objectivo declarado recolocar no poder Abd Rabbuh Mansur Hadi, um aliado próximo de Riade que se demitira da presidência, e esmagar a resistência do movimento Ansarullah, em Março de 2015 a Arábia Saudita lançou uma poderosa ofensiva contra o seu vizinho do Sul, com ataques aéreos em vários pontos do país, que já provocaram mais de 12 mil mortos entre a população civil, de acordo com as mais recentes estimativas.
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