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|Reino Unido

«Tanta gente a precisar de habitação social e a ver crescer apartamentos de luxo»

Há cinco anos os conservadores prometeram acabar com os «despejos sem culpa» no Reino Unido. Desde então, mais de 90 mil inquilinos foram ameaçados com processos deste tipo.

Concentração em Londres junto aos escritórios de um dos gigantes imobiliários Créditos / London Renters Union

Em Abril de 2019, o governo britânico prometeu acabar com a prática dos despejos ou «notícias de posse» ao abrigo da Secção 21 da Lei de 1988, de acordo com a qual um senhorio pode notificar um inquilino de que pretende tomar posse da propriedade alugada, sem ter de apresentar uma razão para tal.

Números ontem revelados pelo Ministério britânico da Justiça mostram que, desde então, mais de 90 mil inquilinos (92 114) foram ameaçados com um processo de despejo deste género em Inglaterra e que, em resultado disso, 28 993 pessoas foram despejadas.

Os dados divulgados pelo Ministério revelam ainda que o número de famílias que perderam as suas casas atingiu o máximo dos últimos seis anos nos primeiros três meses de 2024.

Entre Janeiro e Março foram registados 2682 despejos, o que representa um aumento de 19% por comparação com igual período do ano passado.

London Renters Union

Nos mesmos três meses de 2024, também se verificou um aumento (15%) no número de pessoas (7863) que foram alvo de um processo de «despejo sem culpa», refere o portal bigissue.com.

Especulação, despejos e níveis sem precedentes de miséria social

Tom Darling, representante da Renter’s Reform Coalition – uma organização que aglomera entidades em defesa de «habitação segura e acessível para todos» –, disse ao Morning Star que os números mais recentes são «uma mostra sombria da dimensão da crise do aluguer em Inglaterra».

«Os despejos descontrolados e o aumento das rendas estão a criar níveis sem precedentes de situação de rua e miséria social», sublinhou.

Entretanto, segundo denunciou, o projecto de Lei da Reforma das Rendas, que se encontra em análise no Parlamento, foi «fortemente diluído, depois de o governo ter cedido aos interesses dos proprietários».

Em protesto contra esta situação, mais de uma centena de activistas pelo direito à habitação concentraram-se esta quinta-feira, em Londres, frente aos escritórios da Grainger, que é o «maior senhorio do Reino Unido», com mais de dez mil casas alugadas, e uma das empresas do imobiliário que pressionaram o governo para desbastar o alcance do projecto de reforma, depois de ter facturado mais de 100 milhões de libras (116,6 milhões de euros) só o ano passado.

Anos de gentrificação e efeito dominó dos empreendimentos de luxo

Uma das organizações presentes foi a Associação dos Inquilinos de Londres (London Renters Union; LRU), que denunciou o papel da agência na subida das rendas na cidade e chamou a atenção para uma situação em que os preços das rendas estão a ficar fora do alcance da população local.

London Renters Union

Asif, membro da LRU e trabalhador do Serviço Nacional de Saúde (NHS), disse que já não consegue encontrar apartamentos com uma renda acessível na zona onde cresceu, perto do Parque Olímpico, devido a anos consecutivos de gentrificação.

«Tanta gente a precisar de habitação social e a ver crescer estes apartamentos de luxo é como levar uma chapada na cara, sem que ninguém na nossa comunidade os possa pagar», disse.

Um porta-voz da LRU sublinhou que «os empreendimentos privados exorbitantes têm um efeito dominó, levando ao aumento das rendas nas comunidades que já foram devastadas pela gentrificação».

«É hora de o governo parar de alavancar os lucros dos gigantes imobiliários e introduzir um controlo de preços que reduza as rendas para todos», defendeu.

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