|Reino Unido

Trabalhadores da Amazon em Coventry em greve contra aumento de 57 cêntimos

Os trabalhadores estão prontos para uma «luta de David contra Golias», disse um dirigente sindical a propósito da paralisação desta terça-feira, que se repete esta quinta e na semana de 13 de Março.

Trabalhadores da Amazon em greve no centro de distribuição de Coventry (Inglaterra) 
Créditos / Morning Star

Mais de 350 trabalhadores estiveram ontem em greve no centro de distribuição da Amazon em Coventry, entre as 6h e as 8h e as 18h e as 20h, informou fonte sindical.

A paralisação, que se deve repetir amanhã e de 13 a 17 de Março, segue-se à proposta de aumento salarial de meia libra por hora (57 cêntimos).

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Trabalhadores da Amazon em Coventry avançam para a greve

Rejeitando a proposta de aumento salarial de meia libra por hora, os funcionários decidiram por maioria esmagadora avançar para a primeira greve formal nas instalações da multinacional no Reino Unido.

Instalações da Amazon 
Créditos / Morning Star

A primeira greve que a multinacional norte-americana do retalho – que tem sido acusada de práticas anti-sindicais – enfrenta em território britânico deve ter lugar em Janeiro, anunciou o sindicato GMB, que representa os trabalhadores.

A responsável principal do sindicato, Amanda Gearing, congratulou-se com a «votação histórica», afirmando que os trabalhadores «devem ser aplaudidos pela sua coragem e determinação, e por lutarem por aquilo que é correcto, num ambiente extremamente hostil».

Disse ainda, citada pela Reuters, que «os trabalhadores da Amazon em Coventry fizeram história – serão os primeiros no Reino Unido a participar numa greve formal» na empresa.

A votação, que encerrou esta sexta-feira, contou com a participação de 68% dos trabalhadores, 98% dos quais disseram «sim» à greve, anunciou o GMB.

Desta forma, os trabalhadores rejeitam a proposta de aumento salarial de meia libra (57 cêntimos) por hora, avançada pela multinacional.

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Trabalhadores dormem em tendas junto às instalações da Amazon na Escócia

Há muito que o gigante do retalho é acusado de explorar os seus funcionários e de os submeter as condições laborais miseráveis. O caso recentemente revelado na Escócia volta a apontar o foco para a empresa.

Armazém da Amazon em Dunfermline (Fife, Escócia)
Créditos / theferret.scot

Há alguns dias, o periódico britânico The Courier chegou à fala com um dos trabalhadores acampados junto às instalações da Amazon em Dunfermline, na região escocesa de Fife, onde foram avistadas pelo menos três tendas. Com relutância e sob anonimato, o funcionário acabou por explicar que era mais fácil e barato ficar na tenda do que ir todos os dias para casa, em Perth, a cerca de 50 quilómetros.

Isto passa-se numa altura em que as noites se tornaram muito frias, com as temperaturas a descerem até aos -7 ºC. O trabalhador classificou ainda como «empregador miserável» o gigante do comércio electrónico, que cobra 12 euros diários aos seus funcionários para que estes possam viajar nos seus autocarros.

«Isto passa-se numa altura em que as noites se tornaram muito frias, com as temperaturas a descerem até aos -7 ºC.»

Ao ter conhecimento de que havia trabalhadores a dormir em tendas nas florestas em redor da Amazon, em Dunfermline, o deputado escocês Willie Rennie, que tem reivindicado a melhoria das condições de trabalho na empresa, afirmou: «A Amazon devia ter vergonha por pagar tão pouco aos seus trabalhadores, de tal modo que até têm de acampar no pino do Inverno para conseguir sobreviver».

Rennie, que acusou a Amazon de pagar muito pouco em impostos e de receber milhões de libras do governo escocês, disse ainda ao The Courier que «o mínimo que se lhe exigia era que pagasse um salário digno», acrescentando que «aquilo que a empresa cobra pelo transporte consome uma boa parte do salário semanal, levando a que as pessoas busquem formas cada vez mais desesperadas de fazer com que trabalhar compense».

Uma representante da Amazon nas instalações de Dunfermline – que conta com 1500 trabalhadores fixos e 4000 temporários, contratados para a época do Natal e do Ano Novo – disse que a empresa «paga salários competitivos». «Todos os colaboradores permanentes e temporários da Amazon recebem salários a partir das 7,35 libras (8,7 euros) por hora, independentemente da idade, e a partir de 11 libras (13 euros) por cada hora extraordinária».

«A Amazon explora os trabalhadores»

No final do mês passado, por ocasião da Black Friday («sexta-feira negra», em português), sindicatos e diversas associações manifestaram-se junto aos armazéns da Amazon em Dunfermline em protesto contra a «exploração dos trabalhadores». De acordo com os manifestantes, os funcionários são obrigados a trabalhar «até 60 horas semanais por pouco mais do que o salário mínimo», sob intenso controlo e pressão, e em condições muito deterioradas.

Um porta-voz dos manifestantes disse ao The Courier que a Amazon tem possibilidade de criar condições de trabalho excelentes, mas que não o faz porque «quer mais lucros, a qualquer custo». E isto significa «à custa dos trabalhadores, que não são mais bem tratados do que drones».

«As acusações de más condições de trabalho e assédio moral aos trabalhadores na Amazon têm-se sucedido ao longo dos anos.»

As acusações de más condições de trabalho e assédio moral aos trabalhadores na Amazon têm-se sucedido ao longo dos anos. The Independent refere situações denunciadas pelos trabalhadores como multas por um minuto de atraso após o almoço; quatro dias de trabalho seguidos, sem dormir; a colocação de uma funcionária com cancro da mama num «plano de melhoria de performance», porque – segundo lhe foi dito – a sua «vida pessoal» estava a interferir com o trabalho.

Com base em diversas fontes, a Sputnik indica o caso de trabalhadores que foram despedidos por adoecerem ou por chorarem, bem como condições laborais «prisionais» e locais de trabalho «gelados» ou «tão quentes que os funcionários desmaiam». O ano passado, um sindicato britânico denunciou que as condições de trabalho nos armazéns da Amazon no Reino Unido estavam a tornar os seus funcionários «física e mentalmente» doentes, informa ainda a Sputnik, com base numa reportagem do The Guardian.

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«O facto de serem forçados a fazer greve para ganharem um salário decente numa das empresas mais valiosas devia ser fonte de vergonha para a Amazon», criticou a representante sindical.

Em seu entender, o gigante do retalho tem capacidade para fazer melhor. «Não é tarde para evitar greves e sentar-se à mesa com o GMB para melhorar os salários e as condições», disse Gearing, citada pelo Morning Star.

Hayley Greaves, trabalhador filiado no GMB que trabalha nas instalações de Coventry, no Centro de Inglaterra, disse ao The Guardian: «O custo de vida está a aumentar e estamos mesmo a passar mal. Se conseguirem, as pessoas trabalham 60 horas por semana; se não conseguirem 60 horas, fazem outros trabalhos.»

«Se nos unirmos e nos mantivermos juntos, talvez tenhamos uma hipótese de lutar e alcançar mudanças para todos», acrescentou.

No início deste ano, uma trabalhadora relatou ao periódico, anonimamente, as elevadas pressões exercidas sobre os funcionários, nomeadamente para que classifiquem centenas de artigos por hora.

«Se estás ali há quatro anos e é o teu quarto ou quinto turno da semana, és capaz de não conseguir fazer isso às três da manhã», disse.

Um porta-voz da empresa disse que valorizava o trabalho dos funcionários e que, desde 2018, tinham tido aumentos de 29% no salário mínimo por hora.

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No passado dia 25 de Janeiro, os trabalhadores da multinacional norte-americana do retalho em Coventry (Centro de Inglaterra) «fizeram história», ao serem os primeiros no Reino Unido «a participar numa greve formal» na empresa, destacou Amanda Gearing, dirigente do GMB, o sindicato que os representa.

Além de aumentos salariais, os trabalhadores denunciam «práticas de gestão autoritárias e longas horas», num ambiente «extremamente hostil» – a Amazon não reconhece o sindicato e tem sido acusada, pelo mundo fora, de práticas anti-sindicais.

Os trabalhadores em luta reivindicam uma remuneração de 15 libras por hora – um aumento de 43%, face aos 5% ou meia libra propostos pela empresa, que alega já ter pago aos trabalhadores um suplemento de 500 libras, no Natal, para fazer frente ao custo de vida.

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Esquerda francesa reage mal à Legião de Honra atribuída a Jeff Bezos

No dia 16 Fevereiro, quinta jornada de mobilização nacional contra a reforma das pensões, Macron atribuiu, em segredo, ao multimilionário norte-americano a Legião de Honra, revelou o semanário Le Point.

Jeff Bezos (iamgem de arquivo) 
CréditosXavier Collin / francetvinfo.fr

A peça do Le Point ontem publicado só é acessível a assinantes, mas outros meios de comunicação confirmaram a informação ali divulgada: o fundador da Amazon, actual director executivo do gigante do retalho electrónico, é Cavaleiro da Legião de Honra.

A condecoração mais importante do Estado francês foi atribuída a Bezos no passado dia 16, «numa cerimónia faustosa mas confidencial», revelam os periódicos com acesso ao Le Point.

Nesse dia, mais de um milhão de pessoas (1,3 milhão) mobilizavam-se pela quinta-vez, desde 19 de Janeiro, contra um projecto que, entre outros aspectos, prolonga a idade legal de reforma dos 62 para os 64 anos.

Os sindicatos denunciam que os franceses vão ser obrigados a trabalhar mais por menos e que a proposta governamental é «brutal, inaceitável e injusta».

Representantes da esquerda recorreram ao Twitter para expressar a sua indignação. «Emmanuel Macron entrega a Legião de Honra a Jeff Bezos, patrão da Amazon, explorador mundial e rei da optimização fiscal», criticou o deputado e secretário nacional do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel.

Em seu entender, «a doutrina do presidente» consiste em «castigar todos os franceses e recompensar os multimilionários».

Por seu lado, Leïla Chaibi, deputada ao Parlamento Europeu pelo França Insubmissa, escreveu com ironia: «Bravo, Jeff Bezos!» E acrescentou: «Enquanto nos manifestávamos contra a sua reforma das pensões, Macron condecorou-o em nome de França por fugir aos impostos em milhares de milhões, por destruir o planeta e espiar os trabalhadores», aludindo à jornada de mobilização de 16 de Fevereiro e a várias acusações existentes contra o gigante do retalho.

Entre os membros do França Insubmissa, o deputado à Assembleia Nacional Bastien Lachaud foi outro dos que se referiram à situação, criticando Macron por atribuir a Legião de Honra a Bezos, «campeão da evasão fiscal», «saqueador de empregos e da natureza».

«Mais que nunca, o presidente dos ricos!», escreveu, criticando Macron.

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Em declarações à imprensa, Amanda Gearing diz que a greve «mostra a revolta dos trabalhadores da Amazon em Coventry», que «trabalham para uma das empresas mais ricas do mundo e, ainda assim, têm de trabalhar dia e noite para sobreviver».

Stuart Richards, também delegado sindical do GMB, destacou que «os trabalhadores estão novamente nos piquetes de greve porque uma das empresas mais lucrativas do mundo lhes nega um salário que lhes permita viver».

«É uma luta de David contra Golias e os nossos filiados estão determinados a garantir que termina com o aumento que merecem», disse, citado pelo Morning Star.

A multinacional, fundada em 1994 pelo multimilionário norte-americano Jeff Bezos, afirma que oferece aos trabalhadores «um salário competitivo, benefícios abrangentes e oportunidades para a evolução na carreira».

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