Convocada por vários sindicatos e comissões de trabalhadores, a mobilização nacional de ontem segue-se à do passado dia 16 de Junho, quando dezenas de milhares de pessoas protestaram contra as políticas do governo.
Médicos, enfermeiros e outros profissionais da Saúde voltaram às ruas para exigir aumentos salariais e melhores condições de trabalho, denunciar a falta de pessoal e a carência de material nos hospitais públicos.
As mobilizações ocorrem antes de negociações previstas para a próxima sexta-feira e depois das medidas já anunciadas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, o seu primeiro-ministro, Édouard Philippe, e o ministro da Saúde, Olivier Véran, que os sindicatos classificam como insuficientes para valorizar os salários e fazer frente às necessidades do sector público da Saúde.
«Estaremos nas ruas até vermos cumpridas as nossas exigências; queremos pesar nas decisões políticas», afirmou na véspera Mireille Stivala, responsável da Confederação Geral do Trabalho do sector (CGT-Saúde), informa a TeleSur.
Por seu lado, Jean-Marc Devauchelle, dirigente do Solidários Unitários Democráticos – Saúde (SUD-Saúde), acusou o governo de não ter em conta os profissionais do sector, sublinhando que os números avançados pelo executivo francês estão «muito longe» do que é necessário.
O governo de Macron pôs sobre a mesa um pacote de 6,3 mil milhões de euros para aumentar os salários de vários profissionais da Saúde e prometeu 300 milhões adicionais para a valorização salarial dos médicos, um número muito abaixo dos 14 mil milhões que Devauchelle estima que sejam necessários para atender às reivindicações dos profissionais.
Menos palmas e palavreado, mais meios e valorização salarial
Entre os manifestantes encontrava-se o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, que tem assumido posição destacada nas mobilizações e nas negociações. Em declarações à imprensa, disse que é preciso que as «acções [do governo] estejam à altura da gratidão», em alusão aos aplausos das pessoas, nas varandas e janelas, bem como aos agradecimentos de responsáveis políticos pelo papel desempenhado pelos profissionais de Saúde durante a pandemia de Covid-19.
Com a crise sanitária associada ao severo impacto do coronavírus SARS-CoV-2 em França, aumentaram as denúncias relativas aos danos causados pela privatização do sector, à diminuição do número de camas e à falta de recursos nos hospitais públicos.
No entanto, quando o «cenário da pandemia» começou a causar estragos, em Março, os professionais da Saúde já andavam há meses a lutar por melhores condições de trabalho, contra a falta de pessoal e a estagnação salarial – que levou muitos a deixarem o sector público.
O muito neoliberal Emmanuel Macron, sempre empenhado no ataque aos direitos dos trabalhadores, viu como estes profissionais do sector público gozaram de ampla simpatia na fase aguda da pandemia e chegou a chamar-lhes «heróis de bata branca», refere a France 24.
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