O poder central tem ignorado os sucessivos pedidos da Câmara Municipal de Serpa para a realização das obras urgentes na Escola Básica e Secundária. E as consequências são as de centenas de estudantes terem aulas em condições de frio permanente, por causa das debilidades do edifício, agravadas pela orientação emanada pela Direcção-Geral de Saúde, para se manterem as «janelas abertas».
Neste sentido, os estudantes organizaram concentrações durante três dias à porta da escola e hoje, entre as palavras de ordem, gritou-se «estudantes unidos, jamais serão vencidos», enquanto se lia, em cartazes, «sala gelada, cabeça parada» e «para estarmos ao frio, estamos na rua».
A estudante Patrícia Ferro explicou à Lusa que costuma «trazer gorro, luvas, às vezes três ou quatro blusas, por vezes térmicas, e até pijama, calças e collants ou três pares de meias e casaco. Muita roupa, para não passar tanto frio, mas mesmo assim tenho frio». E disse também que «por causa da pandemia, ainda é pior, porque têm que abrir as janelas e portas para arejar a sala».
Depois da concentração, os estudantes decidiram rumar à sede do Município, onde uma delegação da Associação de Estudantes foi recebida pelo executivo camarário.
Ao mesmo tempo, o vice-presidente da autarquia, Carlos Alves, transmitiu aos estudantes cá fora toda a solidariedade da autarquia, explicando que «esta obra é responsabilidade do Governo» e que o município fala com o ministério da Educação «há anos sobre esta escola, [cuja obra] já devia estar feita».
Mafalda Silva, membro da Associação de Estudantes, manifestou contentamento com o apoio e solidariedade da autarquia e revelou disponibilidade para realizar uma luta em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, porque os estudantes querem «ser ouvidos por quem tem mais poder». A Câmara já se disponbilizou para apoiar com meios de transporte.
Odete Borralho, vereadora da autarquia com o pelouro da Educação, chamou a atenção para um processo «longo e dificíl», tendo explicado que o Ministério da Educação desde há quatro anos não só não assume a sua competência, como tem «atirado para cima da Câmara responsabilidades que são suas».
«A Câmara vai assumir realizar esse projecto, com dinheiro do seu orçamento», avançou a vereadora, que explicou ainda que a autarquia «não vai ser ressarcida por esse investimento», que é competência do poder central, porque quem tem sofrido com este atraso nas obras são os alunos e trabalhadores da escola.
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