|Câmara Municipal de Évora

Évora subscreve «Apelo das Cidades» contra armas nucleares

É o primeiro município português a responder à chamada da Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em Inglês), instituição que em 2017 recebeu o Prémio Nobel da Paz.

Vista aérea da cidade de Évora 
CréditosFu Qiang / Câmara Municipal de Évora

Embora a adesão ao mais recente «Apelo das Cidades» seja pioneira em Portugal, o compromisso da cidade de Évora na luta pela abolição das Armas Nucleares não é de agora. A Câmara Municipal de Évora (CME) é uma das 21 cidades (incluíndo Hiroshima, Nagasaki, Saravejo, Manchester e Teerão, por exemplo) que compõe a direcção executiva do movimento Mayors for Peace, que junta 8271 cidades de 166 países do mundo.

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Ataque de ódio contra exposição sobre comunidade LGBTI+ em Évora

A exposição, «uma reflexão sobre o ódio em torno da comunidade LGBTI+», em Évora, foi hoje vandalizada, levando à destruição de quase todas as peças. Vice-presidente da autarquia descreve acto «abominável».

Três homens entraram hoje na Igreja de São Vicente, propriedade da Câmara Municipal de Évora (CME), e vandalizaram a quase totalidade dos trabalhos da exposição Amor e Ódio, organizada pela Comissão Évora Pride, Sociedade Harmonia Eborense, Núcleo Feminista de Évora e Associação Évora Queer, em parceria com o município Évora (CDU).

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Um longo caminho a percorrer

Assumir uma orientação sexual ou uma identidade de género diferente continua a ser assustador, sob pena de discriminação psicológica e física a nível familiar, escolar, laboral, e até mesmo nos serviços públicos.

23ª Marcha do Orgulho LGBT em Lisboa, Portugal, 18 de Junho de 2022 
CréditosMário Cruz / Agência Lusa

A 17 de maio de 1990 a Organização Mundial de Saúde retirava finalmente a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. Assim, de forma a assinalar este marco, e trazer visibilidade para a luta LGBTQI+, é nesta data celebrado o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.

Os Verdes desde a sua constituição que estiveram presentes na luta pelos direitos das pessoas LGBTQI+, tendo permitido a inscrição no artigo 13.º da Constituição da República da não discriminação em função da orientação sexual, abrindo as portas ao casamento entre pessoas do mesmo género. Contribuindo também na consagração do direito de pessoas LGBTQI+ de poderem adotar. Tendo votado favoravelmente, e apresentado projetos, por questões importantes como a autodeterminação de género e o acesso por casais do mesmo género à procriação medicamente assistida.

Ainda assim existe um longo caminho a percorrer. No relatório Anual de 2023 realizado pela ILGA-Europe, consta que em Portugal, e um pouco por toda a Europa, se observou um aumento significativo de crimes de ódio direcionados à comunidade LGBTQI+.

Não podemos permitir que a agenda da extrema-direita e a sua LGBTQfobia continue a atacar os direitos destas pessoas, e reverter os avanços alcançados nestes 41 anos.

Tem-se observado em vários países uma crescente ofensa transfóbica, com o aumento de governos de extrema-direita têm sido aprovadas leis opressivas que visam a retirada de direitos a pessoas trans e não-binárias. Em Portugal esses mesmos discursos têm vindo a ser replicados por partidos conservadores, com a desculpa que a transsexualidade é uma patologia, e que os jovens transgéneros ou não-binários só o são graças a um «Contágio Social», teoria esta já refutada num estudo levado a cabo pelo Fenway Institute, e publicado na Pediatrics. Todos estes pretextos têm apenas um objetivo, desvalorizar a comunidade, impedir a criação de legislação que advogue pelos direitos destes jovens e restringir a prestação de cuidados de afirmação de género.

«Não podemos permitir que a agenda da extrema-direita e a sua LGBTQfobia continue a atacar os direitos destas pessoas, e reverter os avanços alcançados nestes 41 anos.»

De facto, assumir uma orientação sexual ou uma identidade de género diferente da cisheteronormativa continua a ser assustador, sob pena de discriminação psicológica e física tanto a nível familiar, escolar, laboral, e até mesmo nos serviços públicos.

A maioria dos jovens LGBTQI+ ainda esconde a sua identidade de amigos, e familiares, com medo de serem alvo de agressões. Segundo o «Estudo FREE- Fostering the Right to Education in Europe», a juventude LGBTQI+ está mais suscetível a ser vítima de bullying/cyberbullying quando comparado com jovens cisgéneros heterossexuais.

Neste estudo salientou-se ainda ausência de matérias relacionadas com a diversidade de género em contexto educativo, que muitas das vezes falha em incluir tópicos relacionados com as orientações sexuais não heteronormativas, assim como práticas que promovam a inclusão de pessoas LGBTQI+. Na verdade é urgente que a Educação Sexual seja uma realidade nas nossas escolas.

Também no Serviço Nacional de Saúde é possível constatar várias barreiras no seu acesso a pessoas da comunidade LGBTQI+, especialmente no que toca a pessoas trans, não-binárias e intersexo. É premente apostar na formação dos trabalhadores do SNS sobre as necessidades das pessoas trans, não-binárias, e intersexo de modo a que a saúde seja um direito realmente universal para todas e todos.

A atual crise habitacional, impulsionada pelas políticas neoliberais, afeta essencialmente mulheres trans, pessoas não binárias e intersexo, que apresentam altos níveis de risco de ficar em situação de sem abrigo e maiores obstáculos no acesso à habitação condigna. É, portanto, essencial exigir o cumprimento do disposto no artigo 65º da Constituição da República Portuguesa.

Recentemente foram aprovados inúmeros projetos de lei que promovem os direitos das pessoas LGBTQI+, proibindo e criminalizando as terapias de conversão sexual, e reforçando os direitos dos estudantes trans e não-binários na sua autodeterminação de género. Apesar deste avanço legislativo, é urgente que continuemos a lutar coletivamente pela plena igualdade de direitos e liberdades desta comunidade.

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Patente até 30 de Junho, a mostra, que reunia trabalhos de pintura, fotografia, escultura e gravura, foi construída através de um desafio lançado a alguns artistas visuais para «olharem para a dualidade que é comportar amor quando se recebe ódio em troca». Em poucos dias, o ódio fez-se expressar.

«Ficou praticamente tudo destruído. Sobreviveram poucas peças. Foi uma tentativa declarada de nos assustar e causar medo através do ódio» referiu Rolando Galhardas, da Comissão Organizadora da Évora Pride, em declarações recolhidas pela Agência Lusa.

«Fizeram ainda refém o funcionário da câmara que se encontrava no local. Foi agredido verbalmente, coagido e ameaçado».

Alexandre Varela, vice-presidente da autarquia de Évora, condenou a brutalidade do ataque: um acto absolutamente condenável relacionado com intolerância, neste caso, aparentemente, de natureza sexual, que é, obviamente, abominável. Num Estado de Direito, não podemos tolerar situações destas», afirmou.

O autarca informou a Lusa de que o caso já foi «entregue às autoridades policiais e judiciárias», destacando a possibilidade de a Polícia Judiciária vir a assumir a investigação,«tendo em conta a natureza dos ilícitos criminais». O crime de discriminação e incitamento ao ódio contra pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo, orientação sexual, identidade de género ou deficiência física está tipificado no Artigo 240.º do Código Penal.

Todas as actividades planeadas para o 1.º Évora Pride vão realizar-se sem alterações, incluindo a primeira marcha de orgulho LGBTI+ em Évora, no dia 16 de Junho, às 18h, na Praça do Giraldo. «A luta contra a homofobia, transfobia, bifobia, interfobia e todas as formas de discurso de ódio é urgente, válida e começa agora», referem as organizações envolvidas.

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A decisão de subscrever o mais recente apelo da Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em Inglês) foi tomada unanimemente pelos vereadores da cidade alentejana, tendo sido na semana passada ratificada pelo executivo CDU. 

Sendo o primeiro a subscrever este apelo, a CME «exorta os outros municípios portugueses a que também o façam, contribuindo assim para tornar mais forte o esforço colectivo de defesa do direito à Paz para as suas populações, livres da ameaça de destruição global».

A 7 de Julho de 2017, 122 nações na ONU votaram a favor da adopção do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN). A grande maioria dos países europeus, incluindo Portugal, não aderiram ao Tratado, tal como não o fizeram países como os Estados Unidos da América (o único país a usar Armas Nucleares contra população civil), Reino Unido, França, Rússia e Alemanha.

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