A investigação, realizada entre 17 e 31 de Janeiro de 2021, envolveu quase 1500 estudantes (a maioria, 95,7%, de nacionalidade portuguesa) e pretende analisar qual o impacto que a pandemia, e em particular o confinamento, tem sobre quem frequenta o Ensino Superior.
Os dados ilustram as preocupações para as quais diversos especialistas na área já têm vindo a alertar: cerca de 96% dos inquiridos responderam ter sido afectados pelo actual contexto, sendo que um em cada cinco pensou em suicidar-se.
Um dos problemas mais levantados pelos estudantes são de ordem económica, sendo que um terço dos alunos diz ter dificuldades em pagar habitação e perto de 65% dos inquiridos disseram não ser fácil suportar os custos com as propinas.
Em consequência destas limitações, 74% dos alunos da Universidade de Coimbra afirmam que já pensaram em abandonar os estudos, apontando duas razões, a perda de rendimentos do agregado familiar, mas também alguma desilusão com o ensino à distância.
Todos estes factores repercutem-se na saúde mental dos estudantes, sendo que 66% dizem estar ansiosos «muitas vezes ou sempre». Para mais, sentimentos como apatia (34%), angústia (46%), tristeza (34%) e confusão (40%) revelam percentagens elevadas. A isto acresce que só 18% dos inquiridos diz recorrer a ajuda especializada, alegando o preço elevado deste tipo acompanhamento.
Perante estes dados, João Assunção, da Associação Académica de Coimbra (AAC), pede ao Governo «concretização rápida» do plano nacional de residência estudantil e a manutenção da «rota de progressiva diminuição» da propina do primeiro ciclo de estudos, com o objectivo de se alcançar a «propina zero». A AAC vai ainda solicitar uma audiência às diversas bancadas parlamentares para discutir medidas a implementar.
A saúde mental é uma preocupação geral
Os problemas de saúde mental têm sido objecto de alertas a partir de diversos especialistas e investigações já realizadas sobre o assunto. Os problemas de ordem económica e social, como o desemprego, o encerramento da actividade de diversos sectores, a redução e perda de rendimentos, o medo e o stress associado ao actual contexto, assim como medidas restritivas como a do confinamento, têm gerado preocupação para as repercussões ao nível da saúde mental, no imediato e no futuro, em toda a população.
Recentemente, o estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), «Saúde Mental em Tempos de Pandemia (SM-COVID19)» indicava que cerca de 25% dos participantes tinha sintomas moderados a graves de ansiedade, depressão e stress pós-traumático.
Este estudo, coordenado pelo Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do INSA e com colaboração do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, conclui ainda que «são sobretudo os jovens adultos e as mulheres que apresentam sintomas de ansiedade e de depressão moderada a grave», e que, entre os profissionais de saúde, mais de 40% sofre de níveis de burnout, isto é de exaustão física e emocional.
Para criar condições para o País enfrentar este problema, está neste momento em discussão, na Comissão de Saúde da Assembleia da República, uma resolução, apresentada pelo PCP, que insta o Governo a promover, em sede dos cuidados de saúde primários, mecanismos de prevenção e tratamento de questões de saúde mental.
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