«Percebia-se, desde manhãzinha cedo, no ensaio de som, que as questões técnicas e práticas do palco Free Now n’O Sol da Caparica estavam muito aquém do que é necessário para um festival com esta dimensão», denunciou, nas suas redes sociais, o cantor Miguel Ângelo. O músico acabou por só conseguir tocar duas canções antes de ser forçado a terminar o seu concerto, no dia 11 de Agosto.
Almada, Cova da Piedade, Pragal, Cacilhas, Caparica, Trafaria, Laranjeiro e Feijó vão avançar com uma acção judicial contra a Câmara pelo incumprimento do contrato de delegação de competências. As autarquias afirmam, através de comunicado, que a Câmara Municipal de Almada «deixou de cumprir, por decisão unilateral, premeditada e deliberada, algumas cláusulas essenciais ao justo e equitativo exercício das competências delegadas na sua relação com as freguesias presididas pela CDU». Sublinham que, ao longo deste mandato, o Município «não cumpriu» nenhuma das cláusulas que prevêem o ajustamento anual dos montantes a transferir para cobertura integral dos custos com o exercício das competências delegadas, resultando numa perda de «mais de dois milhões de euros nas três uniões de freguesias de maioria CDU», que representam, para além do inevitável rombo nos seus orçamentos, «um enorme prejuízo para os justos e legítimos interesses das populações». De acordo com o texto, são 830 mil euros em Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, 960 966,02 euros na Caparica e Trafaria, e 212 804,22 euros no Laranjeiro e Feijó os montantes não transferidos até ao momento para as respectivas juntas. O «reiterado incumprimento» por parte da autarquia liderada por Inês de Medeiros (PS) levou os presidentes das três uniões de freguesias a avançar com uma «acção judicial declarativa de reconhecimento da dívida para pagamento dos valores em falta, acrescidos de juros de mora e respectiva indemnização». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Freguesias de Almada perderam mais de dois milhões por incumprimento do Município
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Com três horas de atraso acumuladas, o The Legendary Tigerman acabou por ter de cancelar a sua actuação nesse dia: chegada a sua vez, o festival já tinha ultrapassado o limite horário para continuar em funcionamento.
Do primeiro ao último dia, pouco mudou. Durante a sua actuação, os Quatro e Meia não pouparam nas críticas dirigidas à organização do festival (parceria entre a Câmara Municipal de Almada (CMA) e a promotora Grupo Chiado): «esta noite estamos aqui em cima do palco por vocês porque pagaram bilhetes. Se fosse pela falta de respeito com que vários músicos, durante este festival, foram tratados, e muito do público foi tratado, não vínhamos cá mais uma única vez com esta organização».
Os Karetus, em declarações à NiT, denunciaram as parcas condições de segurança em alguns dos palcos do Sol da Caparica: «Percebi que as baias de segurança não eram as anti-pânico, que para o número de pessoas era muito perigoso. O piso em si estava em risco de ceder, era um piso de madeira com pontas de ferro, coisas perigosíssimas».
As denúncias dos artistas só foram amplificadas nas redes sociais e em muitos meios de comunicação pelaos insultos e ameaças que, como se não bastasse, elementos da organização do festival dirigiram aos músicos que assumiram o seu desagrado com as condições existentes.
«A crescente transformação do festival num mero negócio compromete os seus objectivos iniciais»
É «inadmissível o absoluto desrespeito pelos artistas, técnicos e público do Festival Sol da Caparica demonstrado pela Câmara Municipal de Almada, a promotora do evento, e pela empresa responsável a quem a Câmara, de presidência PS, entregou a produção», afirma, em comunicado, a Célula dos Trabalhadores da Cultura de Almada do PCP.
António Zambujo, Xutos e Pontapés, Bonga e Carlos do Carmo integram o grupo de 45 artistas de língua portuguesa que actuarão na quarta edição do festival Sol da Caparica, de 10 a 13 de Agosto. Serão quatro dias «de arromba», promete o director artístico. Best Youth, Bispo, Criolo, Dealema, Djodje, HMB, Mafalda Veiga, Manel Cruz, Mariza, Matias Damásio, Regula e Sam Alone são outros nomes que foram divulgados hoje numa conferência de imprensa de apresentação do festival, na Casa da Cerca. Ponto comum aos 45 artistas provenientes de cinco países de língua portuguesa, é o facto de todos terem trabalhos novos a apresentar, como é o caso de Carlão, cujo vídeoclip «Viver para sempre», gravado nas ruas de Almada. São 60 espectáculos que preenchem os quatro dias da edição deste ano do Sol da Caparica. Quatro dias «de arromba», prometeu o director artístico do certame, António Miguel Guimarães, segundo o qual o festival, «que veio para ficar», mobiliza este ano «45 artistas e DJ, 500 músicos e bailarinos, para 60 espectáculos em quatro palcos». A organização do certame aposta ainda no palco dança, estreado na edição de 2016, e por onde este ano vão passar bailarinos nas múltiplas expressões de música de dança, do universo de língua portuguesa. Pop, rock, soul, semba, funaná, coladeira e mornas, entre outros ritmos musicais, são os estilos que ao longo de quatro dias vão ser ouvidos noutros tantos palcos do festival. Da edição deste ano, António Miguel Guimarães destacou igualmente a aposta na criação de um dia para a criança, que constitui «um passaporte para 20 ações diferenciadas». Foi também a pensar nas crianças que a direcção artística decidiu promover três espectáculos específicos: um de Rita Guerra, que cantará canções da Disney, outro intitulado «Palavra cantada», um projecto dos brasileiros Sandra Peres e Paulo Tati, e outro com base na «Mão verde», de Capicua e Pedro Geraldes, que, na Caparica, actuarão ainda com Francisca Cortesão (Minta & The Brook Trout), que toca baixo e ajudará na voz, e António Serginho, nas percussões e teclado. A quarta edição do Sol da Caparica também contará com uma mostra de cinema de animação – Monstra à solta –, em parceria com o festival de Lisboa, na qual participarão o brasileiro DJ Suave, que irá fazer vídeos ambulantes pelo concelho de Almada, segundo a organização. Nascido no âmbito do Plano de Desenvolvimento Turístico da Costa de Caparica, para promover a maior frente urbana de praias desta cidade do concelho de Almada após os vendavais que em 2012 e 2013 as deixaram quase sem areal, o certame irá continuar e constitui uma aposta ganha para a autarquia de Almada, segundo Joaquim Judas, presidente da Câmara parceira da iniciativa. Este ano, a organização do certame decidiu ainda criar um passe familiar (para dois adultos e dois filhos ou equiparados) para os quatro dias do festival, uma iniciativa que, nas palavras de Joaquim Judas, é «serviço público», de modo a facilitar a participação das famílias ao certame. O bilhete normal diário custa 15 euros mas os munícipes recenseados no concelho de Almada pagam apenas 13 euros. A entrada é gratuita para crianças até aos seis anos de idade. Para mais informações basta consultar a página do festival. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura
Entre as novidades desta edição está a criação de um passe familiar
Sol da Caparica 2017: quatro dias «de arromba»
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O festival Sol da Caparica foi inaugurado em 2014, durante a presidência da CDU na CMA. Tinha, na sua origem, a ambição de ser «um dos grandes espaços de encontro da música portuguesa e lusófona, realizado em condições técnicas de excelência e a preços populares».
Esse projecto foi travado em 2018, com a eleição de Inês de Medeiros. A partir dessa data, o executivo PS (com o apoio do PSD) aumentou o preço do passe geral em perto de 300%. Um passe que tinha o valor de 35 euros já chegou, em 2022, aos 115 euros.
A célula dos trabalhadores comunistas das artes «lamenta igualmente a decisão de retirar da programação um dia inteiro dedicado à infância, a um preço altamente acessível aos pais».
O silêncio a que se remeteu a CMA demonstra a sua cumplicidade «com as ignóbeis respostas da empresa por si contratada», que promoveu «um ambiente de intimidação inaceitável, com declarações insultuosas, inapropriadas e desrespeitosas», existindo, inclusive, «relatos de artistas ameaçados fisicamente».
A CMA tem de «assumir as suas responsabilidades» e corrijir o rumo «mercantilista» que imprimiu ao Sol da Caparica, defendem os comunistas, «para que este volte a ser um espaço em que artistas, técnicos e público voltem a sentir-se valorizados».
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