No jornal Expresso da passada sexta-feira, a jornalista Rosa Pedroso Lima escreveu uma peça jornalística sobre a forma como as campanhas eleitorais das duas principais candidatas à presidência da Câmara de Almada está a decorrer. Qualquer eleitor indeciso quanto ao seu sentido de voto ao ler aquela peça é claramente influenciado para votar na candidata Inês Medeiros.
Em sua defesa, a senhora jornalista dirá que se limitou a descrever, sobre as acções de campanha de Inês Medeiros e de Maria das Dores Meira, aquilo que viu e ouviu e, numa primeira leitura somos todos tentados a acreditar nisso, ou não fosse ela jornalista do Expresso.
Mas a um jornalismo isento, independente e rigoroso, e a uma jornalista experiente, exige-se algum cuidado na forma como se retratam estas acções de campanha e os seus vários intervenientes. Afinal, ao fazerem-se estas peças jornalísticas pretende-se contribuir para a formação da opinião dos leitores sobre os diferentes candidatos e por isso todo o cuidado deveria ser pouco.
É muito azar da candidata Maria das Dores Meira dirigir-se a um munícipe que ao que parece era surdo, o que a partir de uma certa idade é infelizmente cada vez mais frequente, mas maior azar do que esse é a senhora jornalista considerar isso relevante por forma a incluí-lo na sua peça jornalística. Este é apenas um pormenor do artigo e mostrando ele muito bem ao que vem a senhora jornalista, não é por ele que tomo a liberdade de me pronunciar sobre aquilo que escreveu.
A razão é outra e bem mais grave. No início da peça, a senhora jornalista descreveu o diálogo travado entre Inês Medeiros, o dono do café «Loja dos Sabores» (não é relevante, mas o café chama-se Lua de Sabores) e Pedro Matias, actual presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias da Charneca de Caparica e Sobreda.
Aquilo que à primeira vista lhe parecia um incidente de campanha, já que o dono do café começou por afirmar que o senhor presidente da Junta tinha um ar de «enjoadinho» nos cartazes da campanha eleitoral, acabou com eles aos abraços e pancadinhas nas costas e o senhor presidente a dizer ao comerciante «Vê lá é se votas».
Pois é, a senhora jornalista era a única incauta naquela conversa, pois o dito comerciante conhecido por senhor Lino, que quase parecia ter provocado, nas palavras da sra. jornalista, um incidente de campanha, é nada mais nada menos que eleito actual na Assembleia de Freguesia da Charneca de Caparica pelo PS e candidato também pelo PS à próxima Assembleia de Freguesia.
Só a senhora jornalista naquele grupo era desconhecida e foi para ela que foi feita a encenação, culminando com aquele «Vê lá é se votas!», como se o senhor Lino precisasse que lhe dissessem que no dia 26 não se podia esquecer de ir votar em si próprio.
Dito isto, como leitor assíduo do Expresso, senti-me profundamente indignado com o conteúdo daquela peça e prevejo que os milhares de leitores do Expresso residentes em Almada vão ser enganados com aquilo que escreveu, já que eles não têm a informação que eu tenho e, a sra. jornalista utilizou um veículo como o Expresso para, no mínimo, espalhar inadvertidamente uma mentira.
Nunca pensei que uma jornalista do jornal Expresso ao fazer uma peça como esta, com a importância que tem, não se questionasse da razão porque a acção de campanha que veio acompanhar do PS, foi em frente à sede de uma das duas juntas de freguesia que tem em Almada e não em outro qualquer lugar do concelho. Se isso é já espelho da forma pouco cuidada e nada profissional como preparou esta peça, o facto de não ter procurado saber se existia alguma relação entre aquelas pessoas e os candidatos mostra bem o papel que vinha disposta a desempenhar com o seu artigo de campanha.
Logo que me apercebi na passada sexta-feira da encenação em que a jornalista Rosa Pedroso Lima se deixou enredar, tive o cuidado de lhe enviar um email contando-lhe toda a verdade e dando-lhe 48 horas para ela, utilizando os vários meios à sua disposição no Expresso, se retratar em relação ao conteúdo daquele artigo que, conforme expliquei acima, engana os leitores do jornal e, em particular, os do concelho de Almada.
Como infelizmente era expectável, a sra. jornalista não se retratou, não se defendeu das acusações que lhe fiz e nem sequer se dignou acusar a recepção do meu email, pelo que terei de concluir que aceitou conscientemente contribuir com a sua peça jornalística para a promoção da candidata Inês Medeiros. Se dúvidas tivesse quanto às enormes dificuldades porque passa esta candidata, a forma como o Expresso aceitou vir em seu socorro a pouco mais de uma semana das eleições esclareceu-me.
Está agora, no próximo domingo, nas mãos dos eleitores do concelho de Almada mostrar a toda esta gente que quando se desperdiçam os quatro anos de um mandato e pouco ou nada se faz, para além de se estender a mão ao Poder Central e denegrir a obra que outros antes fizeram, está no fim a sua aventura.
Façamos tudo, nos últimos dias desta campanha eleitoral, para que o esclarecimento chegue a todos os almadenses e confiemos que será possível desta forma voltar a fazer desta terra, com a participação estreita e empenhada da população, um concelho com futuro.
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