|Linha do Oeste

Utentes exigem renovação dos comboios da Linha do Oeste

A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste responsabiliza o estado do material circulante, dos anos 80 do século passado, pelas supressões e atrasos que voltaram a afectar o dia-a-dia dos utentes.

 O plano de modernização da Linha do Oeste foi anunciado em 2016
Créditos / Gazeta das Caldas

Desde o final de Agosto que o quotidiano dos passageiros da Linha do Oeste voltou a ser marcado por supressões de comboios, confirmando preocupações que a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO) manifestou publicamente e junto do secretário de Estado das Infraestruturas. 

Segundo a CPDLO, as avarias nas automotoras UTD 592, conhecidas por «camelas» (devido às elevações no telhadilho onde está localizado o ar condicionado), «começam a ser sucessivas», resultando em supressões com consequências «dramáticas» para os utentes, tendo em conta o intervalo de tempo entre cada comboio, revela num comunicado.

«Como era previsível, a frota de UTD 592, colocada na Linha do Oeste, em 2018, para resolver os gravíssimos problemas de falta de material circulante, tinha um prazo limitado de tempo de operacionalidade, sem que se acumulassem as avarias», denuncia, realçando que a urgência de adquirir novo material circulante «não foi considerada» pelo Governo. Não bastasse, ao atraso na aquisição de novos comboios junta-se a demora relativamente à modernização e electrificação da Linha do Oeste, cujas obras no troço Meleças – Caldas da Rainha já deveriam estar concluídas. 

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Utentes da Linha do Oeste dizem «basta de atrasos»

A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO) exige a intervenção do ministro das Infraestruturas junto da CP para que as novas composições já estejam a circular em 2023.

Utentes denunciam que situação na Linha do Oeste «fere os mais elementares direitos ao transporte colectivo»
Créditos / CC-BY-SA-2.0

Foi em Setembro de 2018 que o Conselho de Ministros autorizou a CP a comprar 22 novos comboios para o serviço regional. A chegada destas composições, de acordo com o concurso público, deveria ocorrer entre 2023 e 2026. Porém, quase três anos volvidos, a transportadora ainda não encomendou o novo material circulante e as novas composições só devem começar a chegar ao nosso país no final de 2024.

«Este atraso poderá pôr em causa a rentabilização do processo de modernização e de electrificação em curso, cuja conclusão está prevista para 2023, quando se sabe que a CP precisa das novas composições para garantir o transporte dos passageiros no troço entre Meleças e Caldas da Rainha», alerta a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, através de comunicado.

A estrutura afirma que as composições a diesel alugadas à Renfe «estão a envelhecer», o que leva a avarias cada vez mais frequentes, acarretando custos «elevadíssimos» para o erário público.

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Linha do Oeste: expectativas não podem sair goradas

Os utentes admitem que foram dados passos «muito importantes», restando agora que as medidas para a modernização e electrificação da Linha do Oeste sejam concretizadas nos prazos previstos.

 O plano de modernização da Linha do Oeste foi anunciado em 2016
Créditos / Gazeta das Caldas

A aprovação pelo Tribunal de Contas da empreitada do troço Meleças – Torres Vedras, a abertura do concurso público para a empreitada do troço Torres Vedras – Caldas da Rainha; a anunciada compra de novas composições; e a inclusão, no Plano Nacional de Investimento 2030, do projecto de electrificação do troço Caldas da Rainha – Louriçal são, segundo a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO), passos «muito importantes» para a concretização do projecto de modernização e electrificação daquela Linha.

Importa agora, regista a estrutura num comunicado, que as expectativas criadas não saiam goradas e que todas estas medidas sejam concretizadas nos prazos previstos. 


Neste sentido, a CPDLO realça que quer ver iniciadas as obras no troço Meleças – Torres Vedras, e efectivado, sem atrasos, o concurso para a empreitada da obra do troço Torres Vedras – Caldas da Rainha, registando ainda a necessidade de «dar corpo à electrificação do troço Caldas da Rainha – Louriçal», e que os novos comboios sejam fabricados e entregues à CP. 

A Comissão vinca que «todos aqueles que ao longo dos anos não desistiram de lutar em defesa da Linha do Oeste devem ser saudados» por não aceitarem de forma passiva a degradação e o eventual encerramento da Linha, e defenderem a importância deste troço ferroviário «como factor de desenvolvimento económico e social regional».

Não obstante, denuncia que «continua sem solução» a aplicação do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) na Linha do Oeste, com a adopção de tarifários em 2020 que incentivem o uso do comboio, de acordo com a exigência feita ao Governo, CP e Comunidade Intermunicipal do Oeste. 

A CPDLO informa ainda que, sobre este e outros assuntos relacionados com o serviço de passageiros, continua a aguardar a marcação de uma reunião com o presidente da CP.

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Por outro lado, o troço entre Caldas da Rainha e Louriçal estará por electrificar para além de 2023, pelo que as novas composições híbridas serão indispensáveis para garantir o serviço de passageiros ao longo de todo o percurso da Linha.

A CPDLO considera que o atraso na encomenda das novas composições «só serve os interesses privados» no transporte de passageiros e ameaça a qualidade o serviço público ferroviário. Como tal, vai exigir ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que intervenha junto da CP, para que o processo da aquisição das novas composições se concretize com a maior celeridade, para que em 2023 já estejam a circular na Linha do Oeste.

A Comissão lembra ainda que obstáculos como este «não são novos» e «só ajudaram os operadores privados» de transporte rodoviário colectivo, nomeadamente a tentativa de encerramento da Linha do Oeste, a degradação do serviço e ausência de modernização ao longo dos anos.

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A Comissão lembra que o atraso na entrega das novas automotoras obrigou a CP a prolongar por três anos o aluguer a Espanha das unidades diesel 592, com um custo, até final de 2025, de 19,551 milhões de euros pela disponibilidade de 18 unidades para a Linha do Oeste e outras.

Acrescenta que, mesmo que se juntem às UTD 592 algumas UTD 450 renovadas, confirme transmitido à CPDLO pelo secretário de Estado das Infraestruturas, a provecta idade de todo este material impõe a sua substituição por novas composições.

As automotoras que circulam na Linha do Oeste datam dos anos 80 do século passado e foram alugadas pela CP à espanhola Renfe, que é responsável pela sua manutenção, embora na prática seja a CP a fazê-la. Confuso? A Renfe assegura as grandes revisões, mas subcontrata a manutenção ligeira à Comboios de Portugal. 

A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste reafirma a necessidade de o Governo assumir, «de uma vez por todas», que o investimento na Linha do Oeste «é fundamental para o desenvolvimento económico e social da região afectada por este eixo ferroviário, com mais de um milhão da habitantes a quem deve ser garantido o direito à mobilidade». 

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