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A guerra do Iraque começou a 20 de Março de 2003

A mão portuguesa nos 15 anos de destruição do Iraque

Há 15 anos, as bombas começaram a cair sobre o Iraque e as tropas norte-americanas e britânicas iniciam a invasão terrestre. Apesar das denúncias e do amplo movimento contra a guerra em Portugal, o governo do PSD e do CDS-PP foi cúmplice da destruição que se seguiu.

Manifestação contra a guerra do Iraque, que viria a desencadear-se pouco mais de um mês depois, em Lisboa, com a presença, ao centro, de Carlos Carvalhas e Mário Soares. 15 de Fevereiro de 2003
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As operações militares sobre o território iraquiano tiveram início a 20 de Março de 2003, depois de largos meses de preparativos, que culminaram na cimeira em que, quatro dias antes, o primeiro-ministro português, Durão Barroso, recebeu os homólogos José María Aznar (Espanha), Tony Blair (Reino Unido) e George Bush (Estados Unidos da América) na base militar que os norte-americanos ainda mantêm nas Lajes (Açores).

Mas a guerra estava já decidida há muito e prova disso são os alertas que precederam a chegada das bombas e das tropas ao terreno. Em Janeiro desse ano foi marcada a manifestação «Juntos podemos impedir a guerra», que teve lugar em várias capitais europeias, nomeadamente em Lisboa. A 15 de Fevereiro, milhares de pessoas desfilaram pela Baixa lisboeta com um propósito: travar a guerra antes que comece.

À acção, promovida pelo PCP, viriam a associar-se figuras do PS, como Mário Soares e Manuel Alegre, e do BE, como Francisco Louçã e Fernando Rosas.

Durão e Portas, agentes da guerra de agressão

A postura de subserviência do governo português perante o que se cozinhava entre os EUA e o Reino Unido – a entrada no Iraque com o pretexto que viria a ficar célebre das «armas de destruição massiva» – marcou a vida política nacional durante os primeiros meses de 2003. Durão Barroso e Paulo Portas, seu ministro da Defesa, foram dos mais fiéis acólitos do imperialismo norte-americano, subscrevendo posições que pretendiam isolar a França e a Alemanha, que se opunham às pretensões belicistas (Janeiro); acedendo ao pedido dos EUA para a deslocação de tropas para a Turquia (Fevereiro); acolhendo a cimeira da guerra (Março).

O governo do PSD e do CDS-PP foi sendo, ao longo desses meses, sucessivamente confrontado, nomeadamente na Assembleia da República, com o crime em preparação. Entre o direito internacional, o caminho da paz e a fidelidade ao aliado norte-americano, Durão Barroso e Paulo Portas escolheram o último. Viriam a enfrentar quatro moções de censura, a primeira apresentada nos dias que intermediaram a cimeira das Lajes e o início da guerra, pelo PCP. As iniciativas – do PS, do PCP, do PEV e do BE – foram todas chumbadas pela maioria de que o PSD e o CDS-PP dispunham no Parlamento e, no caso das últimas três, também de alguns deputados do PS, já a 26 de Março.

A recompensa dos lacaios

Os 15 anos que se seguiram vieram revelar de que lado da História ficaram os que então tocaram os tambores da guerra. O Iraque continua longe de recuperar dos efeitos devastadores da invasão e ocupação, e a desestabilização de toda a região levou ao recrudescimento da ofensiva israelita sobre o povo palestiniano, à destruição da Líbia e à ofensiva sobre a Síria. Da promessa de erradicação do terrorismo sobrou a proliferação de grupos como o Daesh.

Os responsáveis portugueses viriam a ser recompensados. Durão Barroso é promovido a presidente da Comissão Europeia pouco mais de um ano depois e, actualmente, encontrou abrigo na gigante da finança Goldman Sachs, atingindo o topo da hierarquia no sinistro grupo de Bilderbeg. Paulo Portas, depois de um compasso de espera, chegaria a vice-primeiro-ministro já com a troika e, tal como o antigo chefe, hoje dedica-se aos negócios.

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