Num protesto simultâneo em vários pontos do País, milhares de motociclistas concentraram-se ontem junto da Assembleia da República, em Lisboa, onde entregaram um manifesto em que afirmam que as vítimas na estrada não podem ser usadas para criar medidas injustificadas.
Em Janeiro, o ministro da Administração Interna anunciou que as inspecções periódicas a motociclos vão avançar no primeiro semestre de 2018, justificando esta medida com o aumento do número de acidentes mortais deste veículos em 2017.
Os motociclistas consideram «uma farsa» que se exija inspecções periódicas obrigatórias às motas e dizem que se faz uma «manipulação» aos números da sinistralidade, disse à Lusa António João, do Grupo de Acção Motociclista (GAM), organizador das manifestações.
Este admite que houve em 2017 um aumento de vítimas motociclistas, mas acrescenta: «Quando analisamos os dados, a mensagem que tem vindo a público é o contrário da realidade, há diminuição de vítimas mortais e feridos graves comparativamente com o número de motos em circulação e os quilómetros percorridos».
Além disso, acrescentou que, se obrigar as motos a inspecções periódicas terá como objetivo prevenir a sinistralidade, «um estudo europeu diz que apenas 0,3% dos acidentes são causados por falhar mecânica», especialmente devido a falhas nos pneus, directamente relacionadas com as condições da via.
PCP assume oposição à medida
No protesto junto à Assembleia da República, o deputado comunista Miguel Tiago, também ele motociclista, garantiu que o grupo parlamentar do PCP não aceitará «que a sinistralidade dos motociclistas seja justificação para tomar medidas que nada têm a ver com a sinistralidade».
«Não aceitamos que manipulem os dados», disse o deputado, manifestando-se também contra a reversão da chamada «lei das 125 cc» (que permite a quem tem carta de condução de veículos conduza motos até 125 centímetros cúbicos), porque a lei «não tem qualquer relação com o aumento da sinistralidade».
Defendendo os argumentos dos motociclistas, Miguel Tiago deixou a promessa de que o grupo parlamentar do PCP não iria aceitar mudar a lei nem a obrigatoriedade de inspeções, como é pretensão já anunciada do Governo.
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