As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que decorreram num cenário favorito dos que muito fizeram a vida negra ao «povo», incluíram ampla presença militar dos três ramos das Forças Armadas, condecorações a seis militares – três dos quais no activo – e um discurso presidencial que fez jus aos pergaminhos de uma retórica já conhecida. Desta vez centrou-se em louvores ao «povo».
O Presidente da República segue para Paris, onde permanecerá até dia 12 e procederá à condecoração de emigrantes que prestaram assistência a vítimas dos atentados de Novembro do ano passado, bem como à distinção de outros emigrantes e luso-descendentes, e ainda de cidadãos franceses que ajudaram as comunidades portuguesas que, maltratadas pelo fascismo, se viram forçadas a emigrar para França «a salto», sobretudo nos anos 60.
No discurso desta manhã, Marcelo não se cansou de bem falar do «povo», de o louvar e enaltecer – como figura «determinante» nos momentos em que o país foi posto à prova. E foi maroto para «algumas elites» (a retórica e o populismo dão, no mais das vezes, resultados recompensadores), que acusou de «nos terem falhado».
Já o «povo», esse, «soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo», disse. Claro que não se referiu à luta do povo que não engoliu tais patranhas e lutou para que todos pudessem ter um futuro de soberania, desenvolvimento e justiça social. Esse, sim, não vacilou, não traiu, não se conformou, não desistiu.
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