|Presidente da República

Sucedem-se as mensagens do Presidente, mantêm-se os problemas sociais

Como é tradição, o Presidente da República dirigiu-se ao país em mais uma mensagem de ano novo. Sucedem-se as mensagens, mas escasseiam as políticas que invertam a espiral de pobreza e aumento das desigualdades. 

A mensagem de ano novo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está marcada pelo balanço do ano transacto, assente essencialmente no campo internacional e no campo nacional.

Do ponto de vista internacional, o Chefe de Estado considerou que «2024 definiu caminhos que vão determinar muito do que será o ano que hoje começou». Das guerras que se agravam, passando pela demora na recuperação, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que «a  fechar o ano, as eleições norte-americanas, deram o regresso a 2016, permitindo ao vencedor definir-se sobre a paz que quer, na Ucrânia, como no Médio Oriente». 

Numa visão do mundo assente em dois blocos (um bloco da Rússia e China e um outro da Europa e Estado Unidos), o Presidente «mais aliança entre Estados Unidos da América e União Europeia, na economia, na política, na Ucrânia e no Médio Oriente, é melhor para a Europa e é pior para Federação Russa e para a China». 

No campo internacional, a mensagem de ano novo conclui que a aliança ocidental deve «manter-se unida», assim como «não deixar cair alianças e aliados». O foco, no entanto, é mais profundo, entendendo o Presidente que é necessário haver uma preparação para «uma situação complexa a Leste», o aumento do «peso militar próprio», a recuperação económica, no investimento no conhecimento e a reforma dos sistemas económicos, políticos e sociais.

Já na parte nacional, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou, mais uma vez, o momento para passar a tese de fim de ciclo com os 50 anos do 25 de Abril, quando o que se impõe é colocar em prática os valores que aí foram conquistados e estão inscritos na Constituição da República Portuguesa. 

Apontando caminhos e deixando mensagens, o Chefe de Estado vincou que «precisamos de menos pobreza», uma vez que existem dois milhões de portugueses nessa situação, algo encarado como «um problema de fundo estrutural que a democracia não conseguiu resolver». 

A par deste aspecto, o Presidente entende que «precisamos de mais igualdade, social e territorial, precisamos de ainda mais educação, de melhor saúde e de melhor habitação», mas que para isso precisamos de «qualificar mais os recursos humanos, inovar mais, competir com mais produtividade, continuar a antecipar – e bem – no domínio da energia limpa, no domínio do digital, na tecnologia de ponta, mas não deixar que se aprofunde o fosso, a distância, entre os jovens que avançam e os que o não podem fazer, entre os jovens que avançam e aqueles de mais de 55, 60 e 65 anos, que, cada vez mais, entram em becos com poucas ou nenhumas saídas».

Esta parte, em particular, foi dirigida ao primeiro-ministro, na medida em que, além de elencar prioridades, aponta também a um caminho que se deve seguir a nível de políticas. «Precisamos de que os números económicos e financeiros, vindos do passado próximo, naquilo que tiveram e têm de positivo, e confirmados no presente, se consolidem e acentuem», afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. 

«Precisamos que os dezasseis mil milhões do PRR que temos para gastar nos próximos dois anos, sejam mesmo usados e façam esquecer os seis mil e trezentos milhões que gastámos, que usámos, no mesmo tempo ou ainda maior, até hoje, ou seja, precisamos que Portugal fique mais preparado para enfrentar as aceleradas mudanças na Europa e no mundo», entende o Presidente que, acha também necessário «reforçar a solidariedade institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania, nomeadamente Presidente da República e primeiro-ministro».

A lista de encargos não ficou por aí e Marcelo Rebelo de Sousa vinca que é necessário «renovar a nossa democracia, não a deixar envelhecer, em juventude, no papel da mulher, no combate à corrupção, na construção da tolerância e do diálogo, na recusa da violência, pessoal, doméstica, familiar e social, na capacidade das forças políticas, económicas e sociais, mas também do sistema de Justiça, mas também na Administração Pública para se virarem para o futuro, para melhor servirem a Comunidade».
 

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