As notícias veiculadas sobre os orçamentos das várias candidaturas para as eleições presidenciais pecam por não questionar os verdadeiros meios e as distintas aplicações que deles se fazem.
No caso de Marcelo Rebelo de Sousa, assistimos à reedição da postura de virtuoso poupadinho quando, logo em 2015, era eleito depois de décadas de comentário político nas televisões gabando-se de não colocar nem um outdoor nas ruas.
Já no que toca a André Ventura, a desproporcionalidade entre o peso da força política que representa e as inúmeras vezes que é posto em destaque nas capas dos jornais ou a quem são pedidas declarações sobre os mais variados assuntos, deixa claro como nem sempre é preciso ter um grande orçamento para conseguir veicular uma mensagem.
Ana Gomes, por sua vez, decidiu não abdicar do seu espaço de comentário televisivo, mesmo depois de anunciar publicamente a sua candidatura a Belém, usufruindo do espaço mediático em desigualdade de circunstâncias relativamente aos restantes candidatos.
Mas afinal, para que serve uma campanha eleitoral? O juízo não será difícil de fazer, confrontando as acções de campanha dos vários candidatos, o esforço de contactos e a abrangência do território. A Covid-19 não é desculpa para todos e há quem não se esconda por detrás de uma suposta atitude responsável para não ir ao contacto com os eleitores.
Pelo contrário, aqueles que exaltam o facto de fazerem pouca campanha de rua para «dar o exemplo» aos portugueses são os que, na verdade, não têm intenção nem vêem vantagem em esclarecer e discutir com aqueles que, à boleia da crise epidémica, viram os seus direitos ser retirados.
Se todos os candidatos reconhecerão que a participação política na democracia portguesa está longe de ser tão profunda quanto o desejado, todos deveriam, com sentido de responsabilidade, aproveitar os meios necessários para, cumprindo com as precauções sanitárias, ir o mais longe possível nos contactos e na dinamização desta campanha eleitoral.
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