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Redacção do Dinheiro Vivo suspende contratos de trabalho

A redacção do Dinheiro Vivo, título de economia do Global Media Group, decidiu em plenário «a suspensão dos contratos de trabalho» devido ao não pagamento dos salários pela empresa. 

Créditos / Dinheiro Vivo

Esta decisão segue-se a outras semelhantes tomadas pelas redacções do Jornal de Notícias e do desportivo O Jogo, detidas pelo mesmo grupo. Na nota do Dinheiro Vivo, divulgada esta segunda-feira, a redacção aprovou «por unanimidade, a suspensão dos contratos de trabalho na sequência da total ilegalidade que constitui a falta de pagamento de vencimentos devidos por lei aos trabalhadores (subsídios de Natal e salários de Dezembro)».

Além disso, o plenário decidiu «utilizar o site e o caderno semanal do Dinheiro Vivo como meios de luta» e «continuar a aguardar uma decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC)», que se espera ser conhecida hoje. «Sublinhamos a urgência desta decisão atendendo às actuais condições de trabalho no grupo, cada vez mais degradadas e insustentáveis a curto prazo, repudiando totalmente ser usados como reféns numa guerra de accionistas», referiram.

O plenário exigiu ainda aos accionistas minoritários do Global Media Group «a clarificação das suas posições bem como os processos negociais em que estão envolvidos e se estes implicam a separação dos títulos e das marcas».

Para os trabalhadores, «é imperativo conhecer o futuro, não só do Dinheiro Vivo, mas também dos restantes meios», destacando ainda que repudiam «o desinvestimento acelerado e o clima de instabilidade que tem assolado a redacção» do periódico, «bem como todas as outras do grupo».

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Jornalistas convocam greve em solidariedade com colegas da Global Media

A administração da Global Media (GMG) «incumpre, de forma reiterada, os mais elementares deveres e obrigações legais». Jornalistas portugueses realizam 1 hora de greve solidária a 10 de Janeiro, dia de greve geral no GMG.

CréditosInácio Rosa / Lusa

«Apesar dos esforços desenvolvidos ao longo das últimas semanas no sentido de assegurar em tempo útil o processamento dos salários referentes ao mês de Dezembro, a Comissão Executiva vê-se obrigada a informar todos os trabalhadores do Global Media Group (GMG) não existirem, à data de hoje, condições que permitam o pagamento dos salários deste mês». Para além dos salários, também o subsídio de férias dos trabalhadores da JN, DN, TSF, O Jogo e outras publicações da Global Media está em atraso.

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Global Media: Administração informa trabalhadores que não pagará salários de Dezembro

A falta de respeito do patronato continua e tem novo capítulo. Depois de atrasos nos salários e no subsídio de Natal, depois de ameaças de despedimento colectivo e do convite à saída, agora a administração da Global Média informa que não pagará salários. 

CréditosEstela Silva / Lusa

Na altura dos lucros as administrações dividem-nos entre os accionistas e igualmente privatizados são os louros. O regozijo pela acumulação de capital é acompanhado de odes a um alegado brilhantismo na gestão de uns poucos que se sentam em confortáveis cadeiras almofadadas no conforto de uma ampla sala de um escritório.

Na altura dos prejuízos dá-se a socialização dos mesmos. Os que outrora puxavam para si todos os méritos e mais alguns, nos tempos de aperto descobrem no seu léxico, numa primeira fase, palavras que apelam ao colectivo. De repente surge o ideal de partilha de sacrifícios que são vendidos como se iguais fossem para todos quando não o são. 

Os que estiveram sempre a acumular capital estão bem com a privação momentânea, na medida em que criaram as condições para de nada se privarem. Os que vivem do seu trabalho, têm filhos, casa e contas para pagar vêem nessa privação o avolumar de dificuldades. 

Este é o retrato da Global Media, a empresa detida por um fundo abutre com sede num paraíso fiscal. A história tem sido atribulada, o clima no grupo está longe de ser o mais calmo. Entre salários em atraso, ilegalidades no modelo de pagamento do subsídio de Natal, ameaças de despedimento e convites a demissões, quando parecia que pior não podia ficar, eis que piorou. 

A administração da Global Media informou os trabalhadores que não pagará os salários de Dezembro. A justificação é velha e tem sido a mesma que tem justificado todo o ataque a quem trabalha: «não existirem, à data de hoje, condições que permitam o pagamento dos salários deste mês», segundo o que se pode ler num comunicado interno.

O patronato responsabiliza o Estado pelo «inesperado recuo» «no negócio já concluído para a aquisição das participações que o grupo possui na agência Lusa», por «uma “injustificada suspensão da utilização de uma conta caucionada existente no Banco Atlântico Europa há cerca de 6 anos».

Sobre a «delicada» situação do grupo empresarial, ainda ontem, talvez já antevendo todo o tipo de dificuldades, Comissão de Trabalhadores da TSF lançou uma  nota dando conta que «o plenário dos trabalhadores decidiu, por unanimidade, recomendar aos trabalhadores a suspensão dos trabalhos extra que fazem para a TSF, caso estes trabalhos não sejam pagos até dia 15 de Janeiro» e pediu ainda acesso à contas da empresa. 

Ainda na semana passada, o Conselho de Redação da TSF acusou a administração da Global Media de «ingerência» pela suspensão de «todos os programas» com participação de colaboradores externos».

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Desde a mais recente reestruturação accionista da GMG, que consagrou a entrada no grupo do fundo de investimentos World Opportunity Fund, com sede nas Bahamas e uma gestão nebulosa, todas as soluções para os alegados problemas financeiros da Global Media passam pelas revogações de contratos de trabalho, despedimentos de trabalhadores e incumprimento dos prazos de pagamento, denuncia o Sindicato dos Jornalistas (SJ).

Em resposta ao plano de despedimento de 150 trabalhadores, a suspensão de vários programas de comentário (ultrapassando aos decisões editoriais) e os salários em atraso, as redacções do Jornal de Notícias, TSF, O Jogo e Diário de Notícias, aprovaram, nos últimos dias de Dezembro, por unanimidade, a realização de uma greve geral na Global Media para o dia 10 de Janeiro de 2024.

O Sindicato dos Jornalistas considera que os profissionais não podem ser penalizados por comportamentos que são unicamente imputáveis à nova administração, «responsável por muitos dos prestadores de serviço que para si trabalham terem de recorrer à solidariedade de jornalistas para poderem sobreviver».

O pré-aviso de greve geral na Global Media abrange ainda todos os jornalistas, independentemente do órgão de comunicação social, entre as 14h e as 15h do dia 10 de Janeiro, «para que possam expressar a sua solidariedade para com os colegas do GMG e, também, de modo a alertar o poder político e a sociedade civil para a situação do sector».

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«Com uma equipa de apenas dez jornalistas – dos quais um director e duas editoras – e perante a impossibilidade de recorrer a colaboradores, vitais para o bom funcionamento e diversidade da publicação, o projecto editorial económico do grupo, a marca Dinheiro Vivo, está em perigo – motivos, aliás, que levaram à demissão do director, com o qual a redacção se solidariza», denunciaram. Lembraram ainda que o título foi «fundado em 2011 com uma equipa de 31 jornalistas».

A redacção do Dinheiro Vivo, título fundado em 2011 com uma equipa de 31 jornalistas, «está solidária com todas as formas de luta que os camaradas do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias, de O Jogo, da TSF, da Global Imagens, dos demais títulos do GMG e de todos os serviços partilhados têm encetado», destacaram.

 Os trabalhadores do Diário de Notícias exigiram ao GMG a regularização da situação salarial até 31 de Janeiro, decidindo avançar com um pré-aviso de greve por tempo indeterminado «se tal não acontecer». Recorde-se que, na semana passada, o presidente do GMG disse, em comunicado, que o World Opportunity Fund (WOF), que controla o grupo, transmitiu a sua indisponibilidade em transferir dinheiro para pagar os salários em atraso até uma decisão da ERC e à retirada de um «alegado procedimento cautelar» anunciado por Marco Galinha. No Congresso de Jornalistas do passado fim-de-semana, Telmo Gonçalves, vogal do Conselho Regulador da ERC, disse que o regulador tem feito tudo o que pode «no quadro legal disponível», acrescentando que «não existe» qualquer mecanismo que imponha restrições a entidades empresariais, como fundos de investimento, de fazerem negócios na comunicação social. E que inverter este cenário obriga o legislador a alterar a lei. 

Entretanto, o Congresso aprovou uma greve geral por unanimidade, tendo mandatado o Sindicato dos Jornalistas para definir a data da paralisação.


Com agência Lusa

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