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FMI: dependências e fragilidades

Não precisamos de conselhos sobre dependências vindos de uma instituição que sempre apoiou o plano de desindustrialização desenhado para favorecer as grandes economias europeias.

Em vésperas de eleições legislativas, PS, PSD e CDS-PP acordam com a UE, o FMI e a Comissão Europeia medidas de corte nos rendimentos e direitos, privatizações e desinvestimento nos serviços públicos
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O director do departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI), Poul Thomsen, disse ontem que a dependência do turismo, dos serviços e as baixas poupanças das pequenas e médias empresas podem ser um problema para Portugal no contexto do surto epidémico de covid-19.

«A dependência do turismo, a dependência do sector dos serviços, e pequenas e médias empresas (PME) que têm “almofadas” financeiras limitadas e, por isso, podem ser mais fortemente afectadas no curto prazo», foram os principais factores elencados por Poul Thomsen como potencialmente problemáticos para Portugal, numa teleconferência de imprensa, em resposta a uma pergunta da Lusa.

Chega a ser cómico ouvir um porta-voz do FMI falar em fragilidades e dependências, instituição que impõe justamente a subjugação e submissão dos países aos interesses económicos dos monopólios. Ou estarão já esquecidos os anos de intervenção da troika (CEE/BCE/FMI) e do empobrecimento generalizado dos trabalhadores que então foi imposto?

Com a adesão à União Europeia, Portugal – o «bom aluno» de Jacques Delors –, tornou-se mais dependente do exterior, as condições de vida e de trabalho agravaram-se, os trabalhadores perderam direitos, uma boa parte do emprego foi destruída, aumentaram as disparidades sociais e as assimetrias regionais, enquanto os serviços públicos foram alvo de um acelerado processo de degradação.

Uma análise mais cuidada dos chamados sectores estratégicos da nossa economia mostra-nos que as várias dependências a que o País está amarrado são fruto de opções políticas que nos amputaram a capacidade produtiva com promessas de grande cooperação e solidariedade europeia. Por que haveríamos de produzir, neste jardim à beira mar plantado, se haveria leite francês e comboios alemães com fartura?

E eis-nos aqui chegados, a enfrentar um surto epidémico e a tentar evitar uma crise económica brutal, com uma terciarização da economia bem visível, em particular de actividades ligadas ao turismo, ao sector imobiliário e financeiro.

O caminho para a recuperação é, certamente, outro. Mas sabemos do que não precisamos: não precisamos de conselhos sobre dependências vindos de uma instituição que sempre apoiou o plano de desindustrialização desenhado para favorecer as grandes economias europeias.

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