No protesto, os manifestantes afirmaram que a promotora musical Last Tour, que organiza o festival, mantém, com a cumplicidade do Município de Bilbau, milhares de trabalhadores em condições de miséria.
Trabalho temporário, subcontratações, empresas de trabalho temporário (ETT), agravamento das condições de trabalho e monopolização da indústria musical através do dinheiro são apenas algumas das formas através das quais a Last Tour factura, todos os anos, pelo menos 100 milhões de euros, denunciou o Conselho Socialista de Bilbau.
Tudo isto com o apoio do Município, que, este ano, atribuiu uma verba de 1,5 milhões de euros ao festival, além de lhe ter colocado à disposição esquemas especiais de transporte, limpeza e emergência, criticou-se na acção de protesto, onde se viam cartazes a denunciar a precariedade que o macro-festival alimenta ou a dizer «A vossa riqueza, a nossa miséria», entre outros.
Os manifestantes, que criticaram também o aumento da presença policial na cidade associado ao evento, afirmaram: «Querem-nos fazer crer que este tipo de eventos representa um benefício para todos. Mas os lucros destinam-se aos empresários dos sectores do turismo, da hotelaria, ócio e comércio», refere o portal ecuadoretxea.org.
Reafirmando que este festival se realiza «com o trabalho de milhares e milhares de trabalhadores obrigados a trabalhar em condições laborais péssimas», lembraram que qualquer pessoa se pode recusar a efectuar tarefas que comprometam o seu bem-estar, nomeadamente quando não forem cumpridas certas medidas.
Entre outras, consagradas na negociação colectiva, apontaram: o limite das horas de trabalho nocturno; a jornada máxima de oito horas com 30 minutos de descanso; o pagamento de horas extra, no caso de se fazer mais horas; o respeito pelas 12 horas de descanso entre turnos; medidas de segurança e formação.
«Arranja provas (fotos, registos áudio, vídeos) quando não se cumprirem as condições. Fala com os teus colegas. Organiza-te, para fazermos frente à impunidade dos empresários», apelou o Conselho Socialista, citado pela fonte.
Outro aspecto para o qual se chamou a atenção no protesto na capital biscainha foi o das consequências deste tipo de festivais, que vão para além da generalização do trabalho precário no sector dos serviços, das irregularidades na hotelaria e da descida dos salários, pois têm ainda um impacto directo no aumento constante do preço da habitação, na expulsão da classe trabalhadora para a periferia da cidade, entre outros aspectos.
Neste sentido, afirmaram que esse é «o modelo de cidade e de vida» que querem impor aos trabalhadores – «o da pobreza» – e insistiram na necessidade da organização para travar esta normalização de «condições de trabalho de miséria».
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