O mote é dado pela palavra alentejana «vagar». A candidatura de Évora a capital europeia da cultura em 2027 «pretende tornar a cidade e a região num centro de cultura e de pensamento sobre a acção da Humanidade a partir da cultura holística do Alentejo», afirma o comunicado da Câmara Municipal de Évora (CME) divulgado ontem.
A iniciativa, que termina já este fim-de-semana, nasceu na cidade alentejana, que em 1986 foi reconhecida como património material pela UNESCO, com o intuito de celebrar a cultura imaterial do mundo. Hoje será a vez de Marc Lints, administrador do grupo Creoles Cultures, apresentar a «iniciativa de candidatura das culturas crioulas no património cultural imaterial da UNESCO» que tem vindo a ser preparada nos últimos anos. O processo tem por objectivo assegurar a «preservação de práticas artísticas concretas e à sensibilização de artistas e instituições para a promoção das suas culturas» nas comunidades crioulas. Esta iniciativa, que decorrerá no Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende, dará, de seguida, lugar a uma conferência sobre o património imaterial, onde se discutirão «os efeitos positivos e negativos da inclusão de várias expressões na lista da UNESCO». Será também dado destaque às consequências que advêm «dos movimentos migratórios nas culturas de raiz local e a responsabilidade comum para com estas expressões». O festival, organizado pela Câmara Municipal de Évora, entende que «a cidade, a sua envolvência e toda a região do Alentejo Central tornam-se o palco perfeito para que as músicas que são património da humanidade se apresentem em lugares carregados de História e possam com cada um deles encetar um diálogo único». Partindo da celebração da consagração do Cante Alentejano em 2014, a organização defende que, «num tempo em que muros, fronteiras e isolamentos tentam separar-nos do outro, o Imaterial é também um palco aberto para essa noção de que o outro é, afinal, cada um de nós nascido noutra circunstância». Serão vários os concertos até ao próximo sábado, dia 26 de Junho, com showcases de grupos como Magalí Sare & Manel Fortià, da Catalunha, O Gajo e, a encerrar esta semana de concertos, Los Hermanos Cubero, de Castela, entre muitos outros que ocuparam na última semana o património da cidade de Évora de música e conferências. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura|
Festival Imaterial em Évora: «Um diálogo entre culturas distintas»
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«O conceito é materializado através do programa cultural e artístico», apresentado ao júri, composto por 12 elementos, que vai anunciar a sua decisão no final de 2022/início de 2023. O projecto «reflecte um processo de auscultação que foi desenvolvido na cidade e na região durante cerca de um ano e meio».
«Évora 2027 centra-se nos desafios que a sociedade partilha enquanto colectivo, partindo do território para abordar questões como as alterações climáticas, as migrações forçadas, a cooperação global ou até mesmo a transformação digital». Esta candidatura é «uma oportunidade para reforçar o diálogo activo do sector cultural e criativo local, criando pontes com outras áreas da sociedade, com o resto do país e com a Europa».
Além da CME, que chefia a candidatura, a comissão executiva integra um conjunto de várias entidades municipais e culturais, como a Direcção Regional de Cultura do Alentejo, a Universidade de Évora, a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central ou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, a Fundação Eugénio de Almeida e a Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo.
Na corrida estão outras 11 cidades portuguesas: Aveiro, Coimbra, Braga, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Oeiras, Ponta Delgada, Viana do Castelo e Vila Real.
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