A decisão de aprovar um luto nacional pela morte do Papa foi tomada ontem no Conselho de Ministros. O Governo podia ter optado por arrancar com o luto, por exemplo, no dia 26 de Abril. Mas preferiu iniciá-lo esta quinta-feira e, assim, tentar apagar as celebrações dos 51 anos da Revolução dos Cravos. Segundo afirmou Leitão Amaro, no final da reunião, o Governo adiou os «momentos festivos» para uma «data subsequente» e os membros do executivo cancelaram todos os eventos da agenda de natureza festiva como inaugurações e celebrações, com o ministro da Presidência a falar de «reserva».
Também a tradicional abertura dos jardins da residência oficial do primeiro-ministro no 25 de Abril foi adiada para o Dia do Trabalhador, «por respeito à morte do Papa Francisco». Mas o argumento do Governo não colhe. Em declarações à Antena 1, esta manhã, a historiadora Maria Inácia Rezola disse não perceber como é que uma coisa pode chocar com a outra. «As duas coisas não se chocam. Eu penso que até há, podemos dizer, muitas ideias, muitas mensagens, muitos valores que Abril nos trouxe e que o Papa Francisco acentuava sistematicamente», disse a comissária das comemorações oficiais do quinquagésimo aniversário do 25 de Abril, dando como exemplo a preocupação com os desprotegidos e com as injustiças.
Face à polémica que se instalou, o Governo sentiu necessidade de vir esclarecer, esta quinta-feira, que o decreto não impõe quaisquer restrições à celebração do 25 de Abril por entidades públicas ou privadas, apesar de algumas autarquias se terem antecipado no cancelamento das comemorações. Em rigor, os dias de luto nacional não obrigam ao cancelamento de festividades e cerimónias, e elas vão acontecer, a partir desta quinta-feira, para comemorar 51 anos da Revolução dos Cravos e 50 das eleições para a Assembleia Constituinte.
No lisboeta bairro de Benfica, o Palácio Baldaya acolhe um concerto gratuito de Jorge Palma, a partir das 21h desta quinta-feira. A Câmara de Lisboa absteve-se de programar iniciativas culturais para esta noite, mas, na Margem Sul, Sérgio Godinho vai estar com A Garota Não, às 21h30, no Parque da Quinta dos Franceses, no Seixal, seguindo-se um concerto de Ivandro. Do outro lado do estuário, Tony Carreira vai estar no Recinto das Festas do Barreiro, a partir das 22h.
Na Praça da Liberdade, em Almada, os GNR actuam a partir das 22h30, seguindo-se um concerto de Van Zee. Ainda no distrito de Setúbal, Alcácer do Sal celebra a Revolução com um concerto de Xutos & Pontapés, às 22h, hora de actuação da artista Maria Liz, em Alcochete. Em Grândola, Pedro Abrunhosa apresenta-se com Os Camponeses de Pias, conhecidos pela sua interpretação do Cante Alentejano, enquanto Palmela conta com uma programação diversificada e a acontecer em várias freguesias. Esta noite, o cantor Fernando Tordo apresenta-se com a Banda da SFUA em Pinhal Novo, estando previstas outras actuações para os dias seguintes, nomeadamente de Pedro Mestre e de artistas locais.
Em Setúbal, o espectáculo do cantautor Slow J, esta noite, às 22h, no Largo José Afonso, é um dos pontos altos das comemorações deste ano, integradas no projecto Venham Mais Vinte e Cincos, que a Câmara Municipal criou para celebrar os 50 Anos do 25 de Abril, entre 2022 e 2025, envolvendo juntas de freguesia e o movimento associativo. Amanhã, também às 22h, Carolina Deslandes actua no recinto do Mercado Mensal de Azeitão.
Em pleno Alentejo, o autor da música que foi a primeira senha do 25 de Abril, Paulo de Carvalho, sobe ao palco instalado na Praça do Giraldo, em Évora, às 22h30. Mais a Sul, Silves recebe os emblemáticos Peste & Sida, às 22h, e os Xutos & Pontapés, amanhã à noite.
Entre as comemorações do 25 de Abril previstas para o Norte do País, destaque para a programação do Porto, que arranca às 22h com uma homenagem a Carlos Paredes, na Avenida dos Aliados, seguindo-se um concerto de Capicua, com a apresentação do seu mais recente álbum «Um gelado antes do fim do mundo». Amanhã, a Invicta e outras cidades a nível nacional terão o tradicional desfile da Revolução dos Cravos, que em Lisboa deverá voltar a preencher a Avenida da Liberdade. O desfile parte às 15h da Praça do Marquês de Pombal, em direcção ao Rossio.
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