Nos palcos:
Agora que as eleições nos Açores já passaram, é tempo de retemperar forças. Nos dias 22 e 23 de Outubro, em Ponta Delgada aterra mais «Um Inimigo do Povo». O dito vai estar no Teatro Micaelense a tentar perceber essa coisa do indivíduo vs. colectivo, essa coisa do poder e da liberdade, da possibilidade da liberdade, da manipulação e da mentira. Tudo a propósito de águas infectadas, ou será que é a cidade toda que está infectada? A encenação é de Tonan Quito e o texto, de 1882, é de Henrik Ibsen, um norueguês que hoje se espantaria com o seu país. Este «inimigo do povo» é capaz de ser daqueles de quem no final passamos a gostar. Ahhhh!... a dialéctica!
Na rua:
A Linha do Dão já o não é. No seu lugar, e no lugar de outras tantas linhas desactivadas, vamos agora passeando, andando de bicicleta, continuando a apreciar a paisagem que continua a ser de trás da orelha! Os The Brave Ones são um grupo que realiza várias explorações nestas e noutras linhas e no dia 22 de Outubro o convite é para percorrer os carris entre Tondela e Santa Comba Dão. O encontro é às 10h da manhã, ao quilómetro 22, na zona do antigo apeadeiro do Naia. É preciso levar farnel, que parece que vai ser degustado num sítio surpresa do leito do Rio Dão. Natureza, ar livre, exercício, locais históricos e uma bela caminhada. Que maravilha! Maravilha maior só isto tudo com os comboios ainda a passar... Ahhhh!... a saudade e o sonho (olha outra vez a dialéctica!) de uma boa rede de transportes públicos!
Nos ecrãs:
O Doclisboa começou ontem e acaba a 30 de Outubro, e certamente que há filmes para todos os gostos e mais um. Vou ser suspeito e sugerir um em que dou voz ao Cesariny.
«Desconhecia o Mestre Cruzeiro Seixas, com este documentário percebi a falta que ele tem feito ao meu mundo»
Cruzeiro Seixas – As Cartas do Rei Artur, de Cláudia Rita Oliveira, vai ser exibido no dia 23, às 18h45, no São Jorge, e no dia 24, às 15h30, na Culturgest. E é o seguinte: «Cruzeiro Seixas existe num labirinto onde todos os caminhos levam a Mário Cesariny. Subjugado por esta relação obsessiva de amor e ódio, Cruzeiro Seixas não viveu, mas deixou documentos desse não viver: 95 anos de pintura e poesia à espera de um reconhecimento maior ao lado de outros autores surrealistas».
Desconhecia o Mestre Cruzeiro Seixas, com este documentário percebi a falta que ele tem feito ao meu mundo. «Não vivi mas deixarei documentos desse não viver», é das frases mais simples e geniais que já ouvi ou li. Além disso é uma frase lapidar. De lápide mesmo, para gravar a ouro por cima do mármore tumular. Ahhhh!... a (in)certeza da (in)finitude!
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