Com esta acção simbólica, os produtores da Coordenadora Europeia Via Campesina (CEVC) e do European Milk Board (EMB) quiseram deixar claro que o sector leiteiro «continua mergulhado numa grave crise», que está longe de terminar.
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que se fez representar na acção de protesto enquadrada na CEVC, sublinha, em comunicado, que, «apesar da ligeira recuperação dos preços no produtor dos últimos meses, estes continuam muito abaixo dos custos de produção e os stocks na indústria continuam elevadíssimos».
Philippe Deknudt, produtor da organização FUGEA (Bélgica), membro da CEVC, salientou a ideia de que a crise no sector está para durar: «Hoje, a maioria dos produtores de leite continua a perder dinheiro por quilo de leite vendido, e, mesmo que venham a ser atingidos preços remuneradores na produção, muito tempo terá de passar para que o sector recupere do endividamento e descapitalização provocados pela crise», disse, citado no portal da CNA.
CE sente na pele dificuldades do sector
A mobilização teve também como objectivo denunciar o facto de a Comissão Europeia (CE) ter lançado, num mercado com excesso de leite, 360 mil toneladas de leite em pó, que, no entender da CNA, «não ajudam à recuperação dos preços ao produtor e muito menos ajudam a indústria a comercializar os seus imensos stocks gerados pelos largos meses de crise».
Philippe Collin, da Confédération Paysanne (França), salientou esta ideia, ao afirmar que «não é compreensível que se coloque num mercado em crise o leite em pó resultante da aplicação de um instrumento de crise que tem por função retirar o excesso de leite do mercado».
O único aspecto positivo desta tentativa de colocação do leite em pó no mercado, por parte da CE, foi o facto de a própria comissão «ter sentido na pele as dificuldades e o desespero que o sector vive para se libertar do excesso de produção, gerado pelo fim da quotas leiteiras e que esmaga completamente os preços à produção», comentaram Stéphanie Delhaye e Henri Lecloux, produtores do MAP (Bélgica), organização que também é membro da CEVC.
Regulação pública da produção
Esta acção visou ainda reiterar que só a reposição «de um instrumento de regulação público da produção irá travar a destruição do sector do leite na Europa e salvaguardar a qualidade e sustentabilidade do modelo de produção», afirma a CNA no comunicado que hoje emitiu.
No entender da confederação, o fim das quotas leiteiras significou para o sector «repetidas crises» e «com uma duração cada vez mais longa». A política de desregulação do sector «é um fato à medida da grande distribuição mas que não serve os interesses nem da produção, nem dos consumidores», sublinha.
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