É o dia da juventude!

Nunca é demais lembrar este papel da juventude, com o seu dinamismo e espírito inconformado, mas, principalmente nos dias de hoje, é preciso lembrar que a juventude continua a resistir e a lutar.

Jovens do Ensino Superior numa manifestação em Lisboa, 23 de Março de 2017
Créditos / Elsa Severino

Há 70 anos decorria em Bela Mandil, no Algarve, um acampamento com centenas de jovens organizado pelo Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil). Este foi um encontro onde, em pleno fascismo, os jovens reivindicaram a paz, a liberdade e a democracia, e onde as forças repressivas do regime, armadas, intervieram com violência e prisões. Este dia tornou-se um marco histórico da luta da juventude portuguesa e passou a ser assinalado até hoje.

Neste dia não se faz só uma evocação deste momento histórico, mas sim de todo o património de luta da juventude pela transformação do «estado das coisas»: no regime fascista, durante o próprio processo revolucionário de Abril e até hoje, contra políticas que lhes têm retirado direitos conquistados com a Revolução.

Nunca é demais lembrar este papel da juventude, com o seu dinamismo e espírito inconformado, mas, principalmente nos dias de hoje, é preciso lembrar que a juventude continua a resistir e a lutar. Porque somos bombardeados com a ideia de que os jovens estão afastados da política e que são a geração rasca que não se interessa. O sistema tenta assim enfraquecer o movimento juvenil, mas não consegue quebrar as suas potencialidades.

Hoje, os jovens deparam-se com a educação que custa caro, com o desemprego, com baixos salários, com a precariedade que os torna descartáveis e não permite estabilidade e segurança. Com os milhares que emigraram. Com perspectivas de futuro que não são animadoras. Foram anos de políticas que perpetuaram esta situação, mas sempre houve o combate da juventude. A Manifestação Nacional da Juventude, que se realiza hoje às 15h em Lisboa, da Praça da Figueira à Assembleia da República, é mais um exemplo disso.

Não é exemplo único por certo. Que o digam os estudantes do ensino básico, secundário e superior que lutaram pelo direito à Educação pública e gratuita nos dias 16 e 23 de Março. Que o digam os jovens trabalhadores da Bosch, Sonae, Sakthi Portugal, Funfrap ou El Corte Ingles que lutaram e viram a passagem de trabalhadores a efectivos.

E é preciso lembrar que estas movimentações da juventude ocorrem num contexto em que, nas empresas, os trabalhadores são alvo de chantagem, «porque há muitos desempregados para te substituir», ou em que a polícia e as direcções de escolas tentam impedir os estudantes de se manifestar.

Mesmo numa fase de recuperação de direitos e rendimentos, os jovens mostram que não estão resignados e exigem a resolução dos problemas que persistem. O papel da juventude, como no passado fascismo e como há 70 anos em Bela Mandil, continuará a ser um elemento essencial para fazer girar a roda da vida.

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