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Encontro Nacional de Juventude foi «um sucesso tremendo», diz o presidente do CNJ

No passado fim-de-semana decorreu em Vila Franca de Xira o Encontro Nacional de Juventude, evento organizado pelo Conselho Nacional de Juventude. Ao longo de três dias, jovens de vários pontos do país consagraram nas conclusões do evento a sua vontade.

CréditosCNJ / CNJ

Menos de um ano depois, o Conselho Nacional de Juventude (CNJ) voltou a organizar o Encontro Nacional de Juventude (ENJ), desta feita em Vila Franca de Xira, concelho do distrito de Lisboa. O evento propôs-se a juntar jovens de todo o país num momento político conturbado onde as ideias trocadas serviriam também de barómetro dos destinos para onde o país estava a ser conduzido até à queda do Governo. 

Nos grupos de trabalho (Emancipação Jovem: Trabalho e Habitação; Saúde, Bem-estar e Natalidade; Educação e Ciência; e Participação: Democracia e Associativismo), ao longo dos três dias, os participantes puderam trocar opiniões, chegar a consensos e maiorias, e alcançaram as conclusões para cada tema de forma profundamente democrática, respeitando as diferenças e fazendo valer os pontos em comum.

As conclusões acabaram, deste modo, por ser profundas, saindo do ENJ propostas bastante robustas. O aumento do Salário Mínimo Nacional para os 1000 euros e de todos os outros em 15%, nunca inferior a 150 euros, através do fim da caducidade da contratação coletiva; limitação dos lucros e preços dos bens essenciais; revogação das normas gravosas da legislação laboral; ou o controlo de rendas e revogação da lei dos despejos e actualização dos valores do Porta 65, tornando-o mais acessível, foram algumas das propostas consagradas no grupo de trabalho da Emancipação Jovem: Trabalho e Habitação.

Também no campo da educação as preocupações dos participantes materializaram-se em propostas como a gratuidade em todos os graus do Ensino Superior, tal como consagrada na Constituição da República Portuguesa; a valorização da avaliação contínua, garantindo o democrático acesso ao Ensino Superior Público, através do fim dos exames nacionais; o reforço do financiamento na Escola Pública, no Ensino Superior e da Acção Social Escolar; a revogação do processo de bolonha; o fim da sobrecarga horária no Ensino Profissional, assim como a gratuitidade dos manuais; o aumento da representação estudantil nos órgãos de gestão das escolas e faculdades; ou o reforço do alojamento estudantil público, cumprindo e alargando o Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, de modo a garantir uma cama por cada estudante deslocado.

Ao AbrilAbril, André Cardoso, presidente do CNJ, considerou o evento «um sucesso». De acordo com o jovem dirigente, o ENJ «permitiu que várias pessoas de diferentes opiniões, diferentes sensibilidades, e que acima de tudo jovens, viessem à mesa trazerem as suas principais preocupações, ao mesmo tempo que traziam as soluções para as mesmas». 

Para além da ampla discussão que potenciou pontos de contacto, André Cardoso caracterizou como «muito positivo» o facto de terem tido «jovens representantes de todo o país, além de jovens que estão lá fora emigrados, nomeadamente da comunidade da CPLP». «Tudo isto é positivo porque no mesmo espaço reunimos na mesma mesa jovens de diferentes sensibilidades, de toda a parte do país, de diferentes idades, e há que notar uma participação massiva de jovens que estão a frequentar o ensino básico e secundário que pela primeira vez tiveram a oportunidade de discutir política pública e despertar a sua opinião», reiterou.

Quando questionado se considerava o ENJ um tremendo sucesso, André Cardoso não hesitou: «Sim, considero um sucesso tremendo, sabendo que há aspectos a melhorar. Claro que sim, como em todos os eventos». O êxito do evento não se prende somente pela ampla participação que superou o último ENJ. Para o presidente do CNJ «foi um sucesso não só porque teve os seus momentos de trabalho, mas porque houve momentos culturais, momentos de convívio, momentos de confraternização entre jovens de todo o país com diferentes sensibilidades, e só por isso é de louvar».

Sobre propostas a destacar, naturalmente que André Cardoso não destacou todas, mas quando questionado fez questão de focar os desafios apresentados e discutidos: «Vou destacar as propostas que saíram de um dos temas inovadores que nós incluímos este ano que foi a questão da Democracia, Participação Democrática e Associativismo. Os jovens reconhecem os problemas que as associações juvenis têm, os problemas do direito de associação e de reunião que estão a ser “violados” em determinadas escolas e instituições de Ensino Superior, e os jovens manifestam essa preocupação. Algumas das soluções que vieram para cima da mesa foi: “como é que nós colocamos mais jovens a participar de forma mas informada e que condições lhes são dadas?”». 
 

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