Disse-me o Cego na Estrada
Disse-me o cego na estrada,
sem nenhum constrangimento,
que andar à beira do abismo
é dificil, mas que a luz
avisa, fora das pálpebras,
e a direcção se conhece
pela brisa sobre a barba.
Ele andava pelos muros,
à beira dos precipícios,
funâmbulo e equilibrista,
com o vento aberto na barba
e o sol nas fanadas pálpebras.
Os videntes caminhavam
agarrando o muro e o chão,
pisando a sombra do cego
e as palavras que dizia.
Se algum vidente caísse,
com toda a certeza, o cego
rápido o levantaria.
Cecília Meireles
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