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Ballet Contemporâneo do Norte «na maior angústia de sempre»

O Ballet Contemporâneo do Norte (BCN) estreia, no sábado, em Santa Maria da Feira, um bailado da coreógrafa sueca Anna Pehrsson, em ambiente de «angústia» quanto ao futuro da companhia, reduzida a três pessoas enquanto aguarda por financiamento estatal.

A companhia, com mais de 20 anos, está limitada a três elementos
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A nova peça intitula-se A matéria move-se, mas não se consegue escapar ao seu peso, resulta do convite que o bailarino Dinis Machado dirigiu à coreógrafa sueca para que aplicasse, num espectáculo mais intimista, a sua experiência em grandes companhias de dança, e irá explorar em palco o próprio momento de «preocupação e dúvida» que o BCN atravessa.

«Em 2015, entrámos num processo de reformulação para tentar perceber o que é ser uma companhia de dança – em termos hierárquicos, autorais, etc. – após uma crise que teve consequências pesadas para grupos e colectivos como o nosso», declara à agência Lusa a directora do BCN, Susana Otero.

«Mas quando ficámos com melhores condições para trabalhar e todo o investimento feito começava a dar resultados, puseram-nos em suspenso: devido às alterações no formato de financiamento, estamos agora em serviços mínimos, sem recursos, limitados a três elementos, à espera de saber se vamos ter fundos para continuar a produzir», acrescenta.

Embora colaborando com artistas associados como Jorge Gonçalves, que este sábado também estará em palco na estreia da coreografia de Anna Pehrsson, o BCN vê assim reduzido o seu corpo permanente a Susana Otero, Dinis Machado e Rogério Nuno Costa.

Apesar desses constrangimentos financeiros, o BCN revela que tem assegurado uma produção regular devido ao apoio do município de Santa Maria da Feira. Em 2017 lançou A round shadow with three points, da coreógrafa germano-canadiana Litó Walkey, reeditou o projecto de grupo Outros formatos e estreou outras seis criações próprias.

«A companhia tem mais de 20 anos e é a primeira vez que não temos a mínima ideia do que será o nosso futuro», afirma a directora do colectivo. «Estamos na maior angústia de sempre, na maior incerteza, e nem sequer podemos estar muito optimistas, considerando que o valor-referência dos apoios para a dança é 160 mil euros por ano, para toda a região Norte», realça.

O espectáculo A matéria move-se, mas não se consegue escapar ao seu peso estreia-se no sábado, às 22h, no Cineteatro António Lamoso. Resultando de uma residência artística no Imaginarius Centro de Criação, aborda «sistemas de instabilidade para esboçar uma ecologia de cruzamentos que é o corpo e as suas relações», pelo que, «no limiar do equilíbrio – no ponto de contacto das fronteiras entre os corpos, êxtase e evasão, transe e exaustão – desenha uma maneira futura de estar com o mundo».


Com Agência Lusa

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