Por motivo de força maior seguro
a caneta e risco
sem muito requinte escrevo
de ouvido
moldo o oco como se fosse massa
- trabalho escravo -
a realidade escapa me ultrapassar
Por motivo de força maior bato
à máquina
acelero nas teclas derrapo nos verbos
engulo espaços
as linhas derrapam em zigue-zague
refaço o risco
objeto arredio
súbtil desgarrado
por motivo de força maior saio
de cena
à francesa de soslaio
irremediavelmente cansada
pela porta dos fundos ou qualquer
outra porta
para regressar glamourosa
dilacerada
Izabela Leal
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