|PSD

Candidatos à presidência do PSD retomam intenção de Passos

Rio e Santana de acordo no ataque à Constituição de Abril

O velho sonho do PSD de voltar a retalhar a Constituição regressa com a campanha interna entre Rio e Santana. No debate das rádios, ambos deixaram o desejo de um texto mais «curto» e menos «ideológico».

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, acompanhado pelos candidatos à liderança do partido, Rui Rio e Pedro Santana Lopes, durante as jornadas parlamentares, em Braga. 30 de Outubro de 2017
CréditosHugo Delgado / Agência LUSA

Rui Rio e Pedro Santana Lopes disseram, esta manhã, num debate emitido pela Antena 1 e pela TSF, que gostavam de voltar a retirar à Constituição o seu carácter progressista e democrático. O primeiro quer um texto mais «curto» e o segundo torná-lo «isento».

Recorde-se que já Pedro Passos Coelho tinha chegado à liderança do PSD com um projecto de revisão constitucional debaixo do braço, que pretendia arrasar a protecção dos direitos dos trabalhadores e a proporcionalidade do sistema político, entre outras matérias. Os pretendentes à sua substituição assumem, agora, que não deixam «cair a tocha» nesta matéria.

A campanha interna do PSD tem oscilado entre as efémeras polémicas do momento e outros temas fabricados, passando completamente ao lado do País e da realidade de quem vive e trabalha em Portugal. Nos intervalos, Rio e Santana têm discutido de forma acesa as lealdades e deslealdades internas que pontuaram o percurso de cada um dentro do partido que agora pretendem liderar.

Qualquer revisão constitucional requer uma maioria de dois terços dos deputados na Assembleia da República, o que, historicamente, sempre exigiu um consenso entre o PSD e o PS. As declarações desta manhã surgem na sequência de várias afirmações no sentido de fazer deslocar o PS para o «arco da governação», tanto de Rui Rio como de Santana Lopes. «O novo PSD devia libertar o Governo da dependência que tem da esquerda», já dizia o patrão dos patrões, António Saraiva, ao Público em final de Dezembro.

Esta manhã, ambos assumiram querer ter o PS a viabilizar um eventual governo minoritário do PSD ou, em alternativa, ser o PSD a viabilizar um governo minoritário do PS. Esta campanha começa a assemelhar-se cada vez mais não a uma disputa interna do PSD, mas a uma definição de estratégia para que o bloco central (de partidos e interesses) recupere o poder quanto antes.

Talvez isso explique porque há tantos artigos de opinião na nossa imprensa sobre «o PSD que queremos», «que precisamos» ou «que desejamos».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui