Lucros

O Sindicato da Hotelaria do Algarve exige um aumento salarial mínimo de 15%, nunca inferior a 150€, num sector que a par dos lucros, é também marcado pelos baixos salários e precariedade.

Longe dos holofotes dos tops musicais, a Spotify anunciou que irá despedir 1500 trabalhadores por causa de um abrandamento «dramático» do crescimento económico. É o correspondente a 17% da força de trabalho da empresa e foi anunciado por carta. 

É na apropriação da mais-valia produzida pelos trabalhadores que reside a exploração e a Altice comprova-o. Depois de ter anunciado 11,6% no crescimento das receitas desde Janeiro, o patronato propôs uma actualização salarial de 1,5% e mais 0,68€ no subsídio de refeição.

Mais uma prova de que a nacionalização da Efacec só serviu os interesses privados. A empresa privatizada ao capital alemão fechou um contrato de 2,3 milhões com o Metro do Porto e outro de 100 milhões de euros com uma empresa francesa.

Estamos a assistir a uma histórica transferência de rendimentos do trabalho para o capital. No país em que a inflação come aumentos salariais, o Governo que se diz de esquerda optou por manter impolutos os lucros do capital. Basta ver os dados.

Se fosse necessária prova para constatar uma realidade feita de contrastes, os lucros da banca assim o confirmam. Enquanto famílias têm cada vez mais dificuldades para pagar créditos à habitação, a banca lucrou já 3,3 mil milhões em 2023.

Em média, apenas 9% das despesas no sector do comércio se prendem com as remunerações dos trabalhadores. É uma fracção ínfima dos 590 milhões de euros de lucro que a Jerónimo Martins fez em 2022.

O movimento «Os Mesmos de Sempre a Pagar» realiza uma acção de protesto, esta sexta-feira, no Porto, contra o aumento da pobreza, enquanto grandes grupos económicos amealham lucros colossais.

Não se dando por satisfeitos com os lucros extraordinários, os bancos vão aumentar as comissões bancárias cobradas aos clientes. Milhão a milhão enchem os accionistas o bolso. 

A Volkswagen/Autoeuropa tem condições para, no imediato, garantir a totalidade da remuneração dos trabalhadores, defende o SITE SUL/CGTP. Só a «permissividade da lei e a conivência do Governo» PS mantém o abuso patronal.

Estudo do Observatório de Preços assinala que, em 2022, os produtores de leite foram forçados a vender abaixo do preço de custo enquanto a indústria da transformação e distribuição amealhava lucros. CNA exige alteração da lei.

A Autoeuropa irá parar a produção e segundo a Comissão de Trabalhadores a empresa quer rescindir com trabalhadores temporários devido à paragem. É a máxima de quando há lucros, esses são privatizados, quando há prejuízos, esses são socializados.

No passado mês, o gestor da Navigator disse: «Para continuarmos a ser sustentáveis precisamos de ter mais floresta plantada de eucalipto». Este mês foram várias as zonas do país em chamas. Sim, há correlação e submissão do poder político ao económico.

Bancos dizem que não agravaram condições do acesso ao crédito, mas a verdade é que não precisavam. O BCE conseguiu que se concedesse menos crédito e que os bancos continuassem a ganhar com os juros.

A denúncia é do Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira. Os bancos portugueses cobram as mais altas taxas de juro da Europa, mas recusam «aumentos dignos» para trabalhadores, critica.

Num sector «que se orgulha de representar 12,4% do PIB», a associação patronal (APED) continua a defender que o topo da carreira de um trabalhador de supermercado deve ser apenas 20 euros acima do salário mínimo.

Vários foram os lucros revelados hoje referentes ao primeiro trimestre de 2023. Parece que o cinto aperta mas só para alguns. Santander, BBVA ou Deutsche Bank (que mesmo assim vai despedir 800 trabalhadores) são exemplos disso.