Lucros

A proposta de 1,9% de aumento salarial, avançada pela administração da Autoeuropa, está muito aquém das possibilidades de um grupo que, em 2023, acumulou mais de 11 mil milhões em lucros, denucia o SITE Sul/CGTP. 

10% da população empregada está em risco de pobreza, assim como quase metade dos desempregados portugueses. Quando há quem se gabe do excedente orçamental e dos lucros extraordinários, há quem viva nas mais profundas dificuldades.

O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD convocou uma greve para 1 de Março, após a administração do banco público propor aumentos salariais de 3,25%, valor que o sindicato considera «inadmissível».

Num sector que aumenta os preços acima da inflação e numa empresa que lucra milhões por ano, a CEO, Ana Figueiredo, após sete reuniões, propôs um aumento dos salários de 1,5%. Trabalhadores organizam protestos para amanhã, em Lisboa, e dia 27 no Porto.

O Sindicato da Hotelaria do Algarve exige um aumento salarial mínimo de 15%, nunca inferior a 150€, num sector que a par dos lucros, é também marcado pelos baixos salários e precariedade.

Longe dos holofotes dos tops musicais, a Spotify anunciou que irá despedir 1500 trabalhadores por causa de um abrandamento «dramático» do crescimento económico. É o correspondente a 17% da força de trabalho da empresa e foi anunciado por carta. 

É na apropriação da mais-valia produzida pelos trabalhadores que reside a exploração e a Altice comprova-o. Depois de ter anunciado 11,6% no crescimento das receitas desde Janeiro, o patronato propôs uma actualização salarial de 1,5% e mais 0,68€ no subsídio de refeição.

Mais uma prova de que a nacionalização da Efacec só serviu os interesses privados. A empresa privatizada ao capital alemão fechou um contrato de 2,3 milhões com o Metro do Porto e outro de 100 milhões de euros com uma empresa francesa.

Estamos a assistir a uma histórica transferência de rendimentos do trabalho para o capital. No país em que a inflação come aumentos salariais, o Governo que se diz de esquerda optou por manter impolutos os lucros do capital. Basta ver os dados.

Se fosse necessária prova para constatar uma realidade feita de contrastes, os lucros da banca assim o confirmam. Enquanto famílias têm cada vez mais dificuldades para pagar créditos à habitação, a banca lucrou já 3,3 mil milhões em 2023.

Em média, apenas 9% das despesas no sector do comércio se prendem com as remunerações dos trabalhadores. É uma fracção ínfima dos 590 milhões de euros de lucro que a Jerónimo Martins fez em 2022.

O movimento «Os Mesmos de Sempre a Pagar» realiza uma acção de protesto, esta sexta-feira, no Porto, contra o aumento da pobreza, enquanto grandes grupos económicos amealham lucros colossais.

Não se dando por satisfeitos com os lucros extraordinários, os bancos vão aumentar as comissões bancárias cobradas aos clientes. Milhão a milhão enchem os accionistas o bolso.