|direitos dos trabalhadores

Acção do CESP determinante para obrigar «Pingo Doce a desdizer-se»

Em declarações à comunicação social, a empresa veio afirmar que iria pagar o tempo utilizado pelos trabalhadores no acompanhamento de filhos menores à vacinação, após a denúncia do sindicato.

O Pingo Doce rende à Jerónimo Martins uma facturação anual de 3,5 mil milhões de euros
O CESP considera determinante «a intervenção e a denúncia» para o actual desenvolvimento CréditosMário Cruz / Agência LUSA

«Apesar de, como tem sido a sua prática, não responder às questões colocadas pelo CESP, a empresa veio agora desdizer a informação que as chefias e os recursos humanos estão a veicular junto dos trabalhadores», referiu esta quinta-feira em nota de imprensa o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).

Ontem, em declarações ao JN, a cadeia de supermercados garantiu que «o tempo necessário» para cada trabalhador se vacinar contra a Covid-19 «é considerado tempo de trabalho, sem qualquer perda de retribuição» e que «o mesmo se aplica» aos pais que acompanhem os «filhos, entre os 12 e os 15 anos» à vacinação.

No dia anterior, a organização sindical disse ter conhecimento «de que os trabalhadores do Pingo Doce que acompanham os seus filhos menores na toma da vacina Covid-19» iriam «ser penalizados na sua retribuição».

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CESP acusa Pingo Doce de condicionar vacinação a filhos de trabalhadores

Apesar de a DGS determinar que «as crianças menores de idade têm de ser acompanhadas pelos pais», a empresa vai penalizar na retribuição os seus trabalhadores que acompanham os filhos.

Interior de loja Pingo Doce. Foto de arquivo
Créditos / Barlavento

Num comunicado divulgado ontem, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) afirma ter conhecimento «de que os trabalhadores do Pingo Doce que acompanham os seus filhos menores na toma da vacina covid-19 vão ser penalizados na sua retribuição».

O Pingo Doce, que «manifesta, pública e constantemente, que é uma empresa com responsabilidade social», é assim acusado pelo CESP de «condicionar os trabalhadores, que sempre estiveram na linha da frente desde o início da pandemia, no acompanhamento dos seus filhos na toma da vacina».

A organização sindical informa que enviou um ofício à empresa «a exigir que a ausência seja justificada e remunerada» e que, até ao momento, ainda não tinha obtido resposta.

De acordo com o exposto pelo CESP, a empresa considera que o tempo gasto pelos seus trabalhadores com a vacinação dos filhos é «justificado», «mas não é remunerado».

«Com esta prática, o Pingo Doce demonstra uma vez mais que os lucros são mais importantes de que a saúde e segurança dos seus trabalhadores e familiares», denuncia a estrutura sindical, acrescentando que não «compreende esta posição» da parte de uma empresa que «ao longo deste tempo tem promovido a sua imagem na adopção de medidas de combate a esta pandemia».

No documento divulgado esta quarta-feira, o CESP sublinha ainda o facto de a Direcção-Geral da Saúde (DGS) determinar que «as crianças menores de idade têm de ser acompanhadas pelos pais» e que «estes têm de assinar a declaração de consentimento na toma da vacina».

Ao actuar desta forma, o Pingo Doce decide «castigar os trabalhadores que cumprem com a recomendação da DGS na vacinação universal das crianças», afirma a estrutura sindical.

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Sublinhava ainda o facto de a Direcção-Geral da Saúde (DGS) determinar que «as crianças menores de idade têm de ser acompanhadas pelos pais» e que «estes têm de assinar a declaração de consentimento na toma da vacina».

Neste sentido, «a intervenção e a denúncia» foram «determinantes» para o actual «desenvolvimento», afirma a organização sindical, que destaca a importância da «vigilância dos trabalhadores» como «essencial para a sua concretização».

«O CESP continuará a intervir na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores nesta e noutras empresas» que colocam sempre em primeiro lugar «a procura do lucro desmedido, com base em políticas de baixos salários», lê-se no texto.

No último ano, o da pandemia, afirma o CESP, «meia dúzia de grandes empresas distribuíram mais de sete mil milhões de euros em dividendos, mais de 330 milhões que no ano anterior, enquanto um em cada dez trabalhadores é pobre, muitos dos quais são certamente do Pingo Doce».

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