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Adidas: ninguém foi dispensado, 300 trabalhadores vão ser despedidos

O consenso é quase unânime na imprensa nacional. Comprometidos com o léxico do patronato, os jornais tentaram transformar o despedimento colectivo de 300 trabalhadores da Adidas numa palatável dispensa. 

Créditos / Adidas

Ainda não se conhece o número exacto de trabalhadores abrangidos pelo despedimento colectivo na estrutura de serviço da Adidas, na Maia, que terá a sua conclusão no Verão de 2023, mas a empresa já esclareceu que pelo menos 300 trabalhadores serão directamente afectados.

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Solidariedade: greve no Dia Minipreço contra despedimento de 181 trabalhadores

25 lojas encerradas e 181 trabalhadores postos na rua. Greve na empresa Dia Portugal, antiga Minipreço, arranca hoje, dia 4 de Agosto, na «defesa dos postos de trabalho e contra o despedimento colectivo».

Créditos / CESP

O despedimento de 181 trabalhadores não é uma inevitabilidade, afirma, em comunicado enviado ao AbrilAbril, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).

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Dia Minipreço: fechar lojas é pretexto para despedir centenas de trabalhadores

A empresa Dia Portugal, antiga Minipreço, quer encerrar duas dezenas de lojas no país, dinamizando, para esse efeito, um despedimento colectivo de cerca de duas centenas de trabalhadores.

Créditos / CC BY-NC-SA 2.0

«Não se compreende como, num momento em que existem trabalhadores de empresas de trabalho temporário a laborar na empresa, se vai proceder a despedimentos do quadro de pessoal efectivo», lamenta, em comunicado enviado ao AbrilAbril, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).

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Actividade sindical na lista de penalizações do Dia Minipreço

Trabalhadores que se ausentem por motivo de actividade sindical, greve e participação nas mesas de voto, entre outros, são penalizados pela empresa na atribuição do prémio de produtividade, denuncia o CESP.

O CESP considera fundamental a mobilização e a unidade dos trabalhadores da grande distribuição nesta semana de luta
CESP considera «inaceitável» a atitude da Dia Minipreço Créditos / CESP

O Dia Minipreço afixou nos seus armazéns a informação dos critérios para a atribuição do prémio de produtividade pago mensalmente, definindo as situações em que o trabalhador é penalizado nessa atribuição, afirma o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).

Numa nota de imprensa ontem emitida, a estrutura sindical diz não poder «deixar de denunciar o descaramento» da empresa, ao anunciar publicamente que serão penalizados os trabalhadores que se ausentarem por motivo de: actividade sindical, greve, assistência à família, serem trabalhadores-estudantes, participação nas mesas de voto, serem bombeiros voluntários, doação de sangue.

Trata-se de «direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa ou direitos e deveres de cidadania», sublinha o CESP, que classifica como «inaceitável» a atitude do Dia Minipreço.

Considera igualmente «aceitável» o facto de «uma empresa com milhões de euros de lucro» pagar a um «operador especializado, em topo de carreira, 713 euros, apenas oito euros acima do SMN [salário mínimo nacional], e 5,42 euros de subsídio de refeição».

Tendo em conta a falta de resposta às reivindicações dos trabalhadores do Dia Minipreço e o seu descontentamento crescente, o sindicato mostra-se convicto de que os funcionários vão participar na greve convocada para o Primeiro de Maio, em defesa do aumento dos salários e contra as «injustiças».

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Os números finais ainda não foram divulgados mas já se conhece, por enquanto, a intenção da administração da Dia Portugal (antiga Minipreço) em encerrar mais de 20 lojas e despedir, em simultâneo, cerca de 200 trabalhadores efectivos.

Mesmo já tendo, o CESP, solicitado uma reunião com o Ministério do Trabalho, para garantir que o sindicato tem o máximo de influência neste processo e na defesa dos interesses dos trabalhadores, esta estrutura representativa dos trabalhadores foi impedida de participar na reunião já realizada entre a empresa e a Direcção-Geral do Trabalho.

A participação na reunião de dia 15 de Julho «não nos foi permitida pelos restantes participantes, sem justificação que não seja afastar o CESP e os seus dirigentes do processo, assim como a nossa perspectiva de defesa e dos postos de trabalho, de emprego com direitos e de valorização do património humano na empresa».

A decisão, de encerrar lojas e proceder a um despedimento colectivo, expressa as consequências de «uma gestão danosa da administração da empresa que, particularmente desde 2012, tem vindo a desenvolver políticas de desinvestimento na qualificação e valorização dos trabalhadores e das lojas, com a desvalorização acentuada dos salários e o brutal desinvestimento na requalificação e manutenção das lojas».

Estas medidas, depois do crescimento verificado no primeiro trimeste de 2022 e, acima de tudo, num momento de grande aumento dos custos de vida para os trabalhadores, seriam sempre «inaceitáveis». No comunicado, o CESP assume o «compromisso de combater os encerramentos e lutar por todos os postos de trabalho que estão a ser colocados em causa».

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Como é que uma empresa desta dimensão, com resultados positivos no primeiro trimeste de 2022, se permite avançar com um despedimento colectivo de quase 200 pessoas, questiona o CESP. Ainda para mais, tendo «falta de trabalhadores nos diferentes locais de trabalho». Só o colmatar dessas necessidades absorveria «uma boa parte destes trabalhadores».

«Continuamos em luta pelos postos de trabalho»

A valorização dos trabalhadores, e a sua estabilidade, é um factor fundamental para reabilitar a pouca credibilidade da empresa no nosso país. Uma credibilidade que está, hoje, pelas ruas da amargura, tendo a empresa procurado impedir o CESP de aceder a informação indispensável para proteger os 181 trabalhadores, forçando à intervenção do Ministério do Trabalho.

«O CESP foi impedido de participar nas reuniões de informação sobre o despedimento colectivo, o que nos obrigou a recorrer aos serviços do Ministério do Trabalho para, no âmbito da prevenção de conflitos, obtermos informações sobre os impactos deste processo nos trabalhadores e na empresa». Essa reunião só veio a acontecer no dia 29 de Julho, várias semanas depois do anúncio.

Em paralisação durante todo o dia de hoje, 4 de Agosto, os trabalhadores do Dia Portugal, antigo Minipreço, e o CESP dinamizarão três concentrações em simultâneo, a começar às 11h30, na loja do Amial, no Porto, na loja de S. João da Madeira, distrito de Aveiro, e na loja da Av. Luís Bivar, em Lisboa.

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A Adidas, uma das maiores empresas de roupa desportiva no mundo (que amealhou centenas de milhões de euros de lucro no primeiro semestre de 2022), lamenta o despedimento destas centenas de pessoas mas outros valores, mais altos, se levantam. Nomeadamente, a deslocalização de serviços para países que representam oportunidades fiscais mais vantajosas para os bolsos da administração.

Centenas de trabalhadores, altamente qualificados, são assim atirados, sem que nada o fizesse prever, para o desemprego, sem outra explicação plausível que não a ganância do lucro.

PCP quer conhecer os «apoios públicos, nacionais e comunitários» que a Adidas recebeu de Portugal

«No início do ano de 2019, foram tornadas públicas notícias que anunciavam que a Adidas iria construir um edifício no Parque de Ciência e Tecnologia da Maia com o intuito de acolher 300 trabalhadores que a marca já empregava naquele concelho», expõe o PCP, numa pergunta dirigida à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e ao ministro da Economia e Mar.

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Nos lucros dos oligopólios não se mexe

Face à subida dos preços, onde agora entra o argumento das sanções à Rússia, Bruxelas deu luz verde a apoios estatais dirigidos a empresas e indústrias com uso intensivo de energia. 

CréditosMPD01605 / CC BY-SA 2.0

A medida aprovada hoje pela Comissão Europeia deve vigorar até ao final do ano e prevê que os governos possam apoiar os grandes consumidores de energia até dois milhões de euros, limite que pode ser ultrapassado e chegar aos 50 milhões de euros no caso das indústrias electro-intensivas, como as produtoras de alumínio, pasta de papel, hidrogénio e produtos químicos, havendo ainda um tecto de 25 milhões para outros sectores. 

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Lucros e dividendos em alta em tempos de pandemia

A pandemia não travou os lucros da EDP, que aumentaram em 56% em 2020. A empresa vai distribuir aos accionistas 755 milhões de euros, um novo máximo em dividendos.

Logotipo da EDP (foto de arquivo)
CréditosAntónio Cotrim / LUSA

Durante o ano de 2020, marcado pela pandemia do novo coronavírus, a Energias de Portugal (EDP) teve um lucro de 801 milhões de euros, que representou um crescimento de 56% relativamente ao exercício anterior, anunciou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), reportado pela Lusa.

O Conselho de Administração Executivo vai propor à assembleia-geral de accionistas a distribuição de um dividendo de 19 cêntimos por acção, igual ao que vem atribuindo de 2019. No entanto, o Jornal de Negócios faz notar que, em virtude do aumento de capital realizado no ano passado, o valor de dividendos a distribuir aos accionistas será por isso de 755 milhões de euros e consome 94% dos lucros do exercício.

A distribuição o ano passado, no mês de Abril, de dividendos no valor de 695 milhões de euros, representando 134% dos lucros obtidos pela EDP, ao mesmo tempo que a empresa mantinha congeladas as negociações com os sindicatos de uma nova tabela salarial, deu origem a uma forte pressão dos trabalhadores e influiu no estabelecimento de um acordo no mês seguinte.


Este ano, depois de uma reunião realizada no passado dia 17 de Fevereiro entre representantes dos trabalhadores e a administração da empresa, esta, segundo a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Eléctricas (Fiequimetal/CGTP-IN), voltou a não dar quaisquer «sinais de querer valorizar os salários e os trabalhadores», apesar de serem estes a garantir o «funcionamento normal das empresas» do grupo, «ainda por cima no contexto da Covid-19».

A federação sindical apela à participação de todos os trabalhadores nas reuniões e plenários que estão a ser marcados, tendo como objectivo «discutir as medidas a tomar para contestar e rejeitar» a «postura inaceitável» da administração.

Também os trabalhadores que prestam serviço à EDP nos centros de contacto de Elvas, Lisboa e Seia estão em luta: esta terça-feira fizeram greve contra a precariedade a que estão sujeitos e por melhores condições de trabalho (ver caixa).

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Depois das ajudas estatais no âmbito da Covid-19, e que também beneficiaram sobretudo as grandes empresas, o objectivo passa agora por compensar as empresas pela subida dos preços do gás e da electricidade, até 30% dos custos elegíveis. 

Enquanto isso, as empresas de energia, que desde a liberalização do sector têm aumentado os preços a seu bel-prazer (e voltam a fazê-lo no próximo mês), têm agora maior margem de manobra para continuar a fazê-lo, mantendo os seus lucros intactos. 

Assim, ao mesmo tempo que o dinheiro público contribui para engordar grandes grupos económicos, não é dada prioridade a medidas que travem o galopante aumento do custo de vida que tanto penaliza as famílias, que irão continuar a despender uma fatia considerável do seu orçamento para suportar os preços cobrados pelas empresas de energia.

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500 a 600 novos trabalhadores seriam posteriormente contratados, reforçando a presença do Global Business Services da Adidas, no Porto, espaço que oferece serviços de alta qualidade em várias áreas para empresas e subsidiárias da Adidas localizadas na Europa e nas Américas.

Em Agosto 2020, a Câmara Municipal da Maia anunciava a conclusão do novo edifício «com capacidade para cerca de 750 trabalhadores».

Na pergunta subscrita pelo deputado Alfredo Maia, do PCP, os comunistas exigem saber que «apoios públicos, nacionais e comunitários recebeu a empresa e que contrapartidas garantiu o Governo português, designadamente quanto à manutenção de postos de trabalho», assim como as medidas que o Governo pensa tomar para defender os 300 trabalhadores visados.

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