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CGTP-IN: Acordo para formação «adia soluções e perpetua problemas»

A Intersindical não subscreve o acordo de formação e qualificação profissional devido à «ausência» de medidas «impulsionadoras de uma efectiva alteração das políticas de formação e qualificação».  

A Fesete considera que «é hora de o patronato mudar de estratégia»
Créditos / tamegasousa.pt

«A CGTP-IN não subscreve o acordo para a formação e a qualificação, pois matérias que consideramos fundamentais para os trabalhadores estão ausentes no documento proposto pelo Governo em sede de concertação social, além do carácter insuficiente e por vezes desajustado das medidas avançadas», lê-se num comunicado enviado ao AbrilAbril.

No parecer da Intersindical, este acordo não resolve o «problema estrutural» do acesso dos trabalhadores à formação profissional por parte dos trabalhadores sujeitos a horários desregulados, trabalho nocturno e por turnos rotativos, «nomeadamente, através do reforço do estatuto do trabalhador estudante e da efectivação da obrigatoriedade de as empresas conciliarem os horários praticados com os do ensino e da formação».

Por outro lado, critica, ficam de fora soluções para os trabalhadores com vínculo precário e que na maioria dos casos são «deixados à margem de qualquer investimento em competências profissionais».

A CGTP-IN observa ainda que «nada é previsto em matéria salarial e de valorização das carreiras para os trabalhadores que obtêm uma maior qualificação», e que também em relação à dinamização da contratação colectiva ou ao alargamento da percentagem de trabalhadores que em cada ano tem acesso à formação nas empresas, «não há quaisquer referências no texto proposto pelo Governo».

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Patrões querem pôr Segurança Social a pagar formação dos trabalhadores

Nas propostas apresentadas para o próximo Orçamento do Estado, a CIP volta a sugerir a descida da taxa social única (TSU), desta vez para pagar a formação profissional dos trabalhadores. 

António Saraiva, presidente da CIP
CréditosManuel Fernando Araújo / Agência Lusa

A redução do custo das empresas seria, de acordo com o documento apresentado hoje pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), para conseguir aumentar a qualificação dos trabalhadores.

Esta é uma das 50 propostas firmadas pelos patrões com a ajuda de cinco especialistas, entre os quais estão Óscar Gaspar, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, e Vítor Bento, ex-presidente do BES e do Novo Banco.

«Como medida de estímulo à qualificação propomos a alocação de uma parcela da TSU a uma conta específica de cada empresa, a ser utilizada para financiamento da formação profissional certificada dos seus trabalhadores, através da correspondente redução das contribuições para a Segurança Social», lê-se no documento, citado pelo Eco.  

Entre os argumentos usados para a descapitalização do serviço público, invoca-se a necessidade de «um modelo de economia competitiva, assente em aumentos da produtividade», com a redução da TSU a ser negociada em sede de concertação social.

No documento intulado «Promover a Produtividade Acelerar o Crescimento», a CIP divide as medidas apresentadas em quatro eixos: promover o investimento, fomentar condições de capitalização e financiamento, adequar o mercado de trabalho e melhorar o ambiente de negócios.

A proposta da confederação liderada por António Saraiva surge nas vésperas de o Parlamento discutir na especialidade as contribuições para a Segurança Social conforme o nível de rotação de trabalhadores. 

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A central sindical frisa que, ao longo do processo, apresentou propostas concretas em relação a estas matérias, bem como a outras que, a serem aceites, possibilitavam evitar a «flexibilização» das regras de execução das candidaturas e lembra que «não foram acolhidas também as propostas da CGTP-IN que previam um reforço da participação dos sindicatos nas empresas, nomeadamente na monitorização da formação ministrada, o que contribuiria para o reforço da sua qualidade e adequação às necessidades dos trabalhadores.

Sustenta que um acordo desta natureza «deveria constituir um marco tendente à resolução dos problemas nacionais nesta área», ao mesmo tempo que rejeita um caminho de desaproveitamento de recursos. Neste sentido, a estrutura salienta que a proposta de acordo, além de não resolver «problemas de fundo que impedem a transição do tecido produtivo, baseado em baixos salários e baixas qualificações», apresenta um conjunto de medidas «que justificarão a transferência de milhões de euros para empresas e associações patronais».

«O Governo não rompe com um passado de desaproveitamento de milhares de milhões de euros gastos em "formação profissional", que não logrou tirar-nos do último lugar dos países europeus em matéria de qualificação média da população activa, nada justificando um acordo cuja real consequência será perpetuar os vícios e os bloqueios por demais conhecidos e que estão na origem dos problemas identificados», critica.

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