A denúncia partiu do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF/CGTP-IN), que, através de comunicado, diz ser «inadmissível» que a CP esteja a enviar material para o país vizinho, «contrariando as informações que são transmitidas à opinião pública», e defendidas pelo SNTSF «há vários anos», de que existem condições para que a reparação, recuperação e até a construção dos comboios seja efectuada por trabalhadores da CP e nas oficinas da empresa.
O sindicato critica a «política de má gestão», apesar das proclamações de a economia nacional «é necessária», e salienta que «não podem existir bloqueios e outros "interesses" externos [...], pois o know-how está cá, a disponibilidade está cá, só o trabalho não está cá por decisão exclusiva da CP».
O SNTSF adianta que se tem verificado uma «quebra acentuada» de trabalho na oficina de rodados e bogies do Entroncamento, ao mesmo tempo que «se acumulam rodados "em lista de espera" por falta de material», não havendo encomenda desses materiais.
Para o sindicato, que já dirigiu um ofício ao presidente do Conselho de Gerência da CP sobre este tema, «é incompreensível» essa falta de material, salientando que a empresa «podia colocar os trabalhadores a reparar outras unidades», designadamente as automotoras UQE 3500.
«Mais incompreensível e bizarro se torna o facto de, por vezes, terem de ser os próprios trabalhadores da CP a transmitir o conhecimento para outros executarem o trabalho que lhes competia fazer», acrescenta.
O SNTSF esclarece que o material reparado em Espanha chegou à oficina do Entroncamento no início do mês, «após quase um ano de espera», o que, além de levantar dúvidas quanto ao prazo do contrato, coloca outra questão: «Não poderiam os trabalhadores da CP realizar o mesmo trabalho, em menos tempo, com igual ou maior qualidade e menores custos, elevando o nível de empregabilidade e dinamizando a economia do nosso país?»
A estrutura sindical frisa que a CP «está constantemente a contratar prestadores de serviços para colmatar falhas, quando possui a capacidade para o exercer essas funções a nível interno», esperando que os bogies das automotoras UTE 2240 «não sigam o mesmo caminho».
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