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CTT propõe aumentos de 13 cêntimos por dia

O sindicato denuncia a contraproposta da administração para a revisão salarial da generalidade dos trabalhadores dos Correios, de quatro euros mensais. É «um insulto», critica. 

Os CTT, uma empresa pública rentável para as contas do Estado, foram privatizados em 2013 e 2014 pelo governo do PSD e CDS-PP
CréditosBruno Almeida

«Muita letra e poucos euros», é desta forma que o sindicato caracteriza a contraproposta da administração dos CTT para a revisão salarial. Foram «13 páginas, com muitos gráficos (excepto o dos lucros), com muitas letras e palavras para na 13.ª página dizer que propõe, apenas, quatro euros/mês (0,13€/dia) de aumento salarial, para a generalidade dos trabalhadores», lê-se num comunicado do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN). 

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CTT e Banco CTT aumentam lucros

Os rendimentos das empresas aumentaram no primeiro trimestre, mas os salários dos trabalhadores pouco subiram este ano. Estes lucros reforçam cofres privados desde a privatização dos CTT em 2013.

A gestão dos Correios encerra a estações «a eito, porque os que ali vivem são poucos e, aparentemente, tão pobres que nem um balcão do Banco CTT merecem», reclama o SNTCT.
Créditos / Dinheiro Vivo

O Banco CTT registou um aumento de lucros de 8,7% no primeiro trimestre de 2021, face a igual período de 2020, num total de 21,2 milhões de euros. Já os CTT mais do que duplicaram os valores (163%), registando 8,7 milhões de euros em rendimentos.

A informação foi veiculada pelos CTT à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários esta sexta-feira, e no documento explica-se que os lucros do Banco CTT se referem a «17,2 milhões de euros provenientes dos segmentos banco da 321 Crédito (+15,7%) e 3,9 milhões de euros em pagamentos (-14%)».

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CTT: Prémios não substituem aumentos salariais

Uma semana depois de afirmar que «não havia disponibilidade económica» para aumentos, a administração dos CTT prepara-se para anunciar um prémio pecuniário dirigido a um terço dos trabalhadores.

CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

«Os trabalhadores dos CTT não precisam de esmolas, precisam, isso sim, de salários justos e boas condições de trabalho», afirma o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN) em nota divulgada.

Acusando a gestão privada dos CTT de não querer respeitar a contratação colectiva, nem negociar aumentos na tabela salarial, a organização sindical afirma que a atribuição de prémios a alguns é uma tentativa de «dividir» os trabalhadores.


Oito dias depois de ter terminado o processo de conciliação sobre os aumentos salariais para 2020, em que a administração dos CTT afirmou não haver disponibilidade económica para negociar, afinal há dinheiro para atribuir prémios a um terço dos trabalhadores, denuncia o sindicato.

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Por seu turno, o lucro dos CTT mais do que duplicou (163%) no primeiro trimestre, face a igual período de 2020, fixando-se nos 8,7 milhões de euros. Esta realidade decorre, entre outros factores, de rendimentos operacionais do expresso e encomendas que atingiram «um valor recorde de 63,4 milhões de euros», mais 70,1% que no primeiro trimestre de 2020 (isto é, uma subida de 26,1 milhões de euros).

Em contraponto, recorde-se que, recentemente, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN) e a maioria dos sindicatos tinham apresentado aos CTT uma proposta conjunta de aumentos de 90 euros para todos os trabalhadores, assim como de aumentos nas diuturnidades e em alguns subsídios. E a contra-proposta da administração da empresa foi a de 0,33% de aumento a partir de 1 de Janeiro 2021, ou seja, de 11 cêntimos por dia, valor que justificava, então, com as dificuldades da conjuntura.

«Somos um serviço essencial e, nas palavras dos CTT, estivemos na linha da frente, mas a paga são salários quase de miséria e com cada vez mais trabalhadores dos CTT a ganhar o salário mínimo», podia ler-se na nota do sindicato à data.

A prestação financeira positiva destas empresas vai engrossar accionistas privados, uma vez que, depois de 500 anos de serviço de correios público, o memorando de entendimento com Troika (assinado por PS, PSD e CDS-PP) previa a privatização dos CTT, o que foi concretizado a partir de 2013 e, até agora, o caminho não foi revertido.

Esta situação gerou degradação do serviço prestado e deterioração das condições de trabalho dos seus funcionários, o que tem motivado, ao longo dos últimos anos, inúmeras lutas a exigir a nacionalização dos CTT. Foi esse o caso do abaixo-assinado, dinamizado por estruturas sindicais e entregue, no início do passado mês de Abril, ao ministro das Infraestruturas.

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Os quatro euros propostos pela administração dos CTT estão muito longe dos 90 que os trabalhadores têm vindo a exigir. Em 2021, a administração da empresa apresentou uma proposta de 0,33% de aumento a partir de 1 de Janeiro 2021, ou seja, 11 cêntimos por dia, valor que justificou com as dificuldades da conjuntura. Entretanto, fechou o primeiro semestre do ano com lucros de 17,2 milhões de euros. 

No passado mês de Novembro, os trabalhadores dos Correios estiveram em greve pela «renacionalização imediata» da empresa, por aumentos salariais «justos e dignos» e pela contratação de pessoal, entre outras reivindicações. 

«A fome de lucro dos accionistas tem levado a gestão dos CTT a reduzir o número de trabalhadores a níveis incomportáveis, não olhando a meios para atingir os seus fins», denunciaram então. 

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