Em declarações à AbrilAbril, Rui Marroni, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), revelou estar em causa «uma grande injustiça» por parte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) para com os enfermeiros, lembrando que outras administrações «corrigiram as situações dos descongelamentos e transições de carreiras, e a de Lisboa não».
A greve contou com uma adesão média de 80% e com adesão total em muitas unidades. «Contámos com mais de uma centena de enfermeiros na concentração e entregámos o caderno reivindicativo ao conselho directivo da ARSLVT. Estabelecemos um prazo de 60 dias para haver um programa de intervenção e resolução de problemas», declarou o dirigente.
Uma das situações que querem ver resolvida de imediato é a contabilização 1,5 ponto nos casos em que o trabalhador tem 0 pontos por alegada falta de avaliação de desempenho, que não cabe aos enfermeiros dinamizar.
«Muitos enfermeiros com 24/25 anos de exercício continuam com o mesmo salário dos colegas que entram agora e têm o seu primeiro mês de salário», denunciou Rui Marroni, revelando que tal situação «traduz-se em menos de mil euros líquidos ao fim do mês».
O dirigente lembrou ainda o facto de alguns enfermeiros não terem transitado para a carreira de especialista, estando a ARSLVT a «descategorizar» este grupo de profissionais. De acordo com o sindicalista, também os mapas de pessoal estão «desactualizados», uma vez que segundo o rácio da Organização Mundial de Saúde (OMS) faltam 1500 enfermeiros aos 2800 existentes para, na totalidade, se chegar aos 4300 preconizados pelo organismo, o que daria um enfermeiro para cada 350 famílias.
Entre as reivindicações dos enfermeiros da Grande Lisboa encontra-se ainda a questão da falta de condições para a prestação de cuidados domiciliários, lembrando que não há viaturas, nem motoristas, nem auxiliares para acompanhar os enfermeiros, «o que causa grandes transtornos e constrangimentos». «Para os enfermeiros, na sua maioria mulheres, entrarem num domicílio sozinhos é complexo, além de terem de levar os seus próprios carros. Há mais de dois anos que levantamos essas questões e continuam sem ser resolvidas», afirmou.
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