Os quatro sindicatos que convocaram a greve e a manifestação anunciaram as acções de luta em comunicado conjunto, no qual defendem a reversão da privatização dos CTT – Correios de Portugal e um serviço postal universal de qualidade.
No documento, os sindicatos contestam os despedimentos, o encerramento de estações de correio e a sobrecarga de trabalho dos carteiros.
«Os sindicatos subscritores deste comunicado, confrontados com a destruição da Rede Pública Postal e da qualidade de serviço pela CE [Comissão Executiva] dos CTT, decidiram continuar a luta», afirmaram o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), o Sindicato Democrático dos Trabalhadores das Comunicações e dos Media (Sindetelco) e o Sindicato Independente dos Correios de Portugal (Sincor).
Salientaram, a propósito, os contactos que tiveram com as populações, as reuniões com comissões de utentes e com autarquias, as audições com os grupos parlamentares, as audições nas comissões parlamentares de Trabalho e Economia, bem como as reuniões com a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
As organizações sindicais consideraram ainda que, depois desses contactos, de plenários e de contactos com os trabalhadores do grupo a nível nacional e da greve de Dezembro, se tornou claro que «os CTT têm que aumentar o número de trabalhadores, de giros e de estações actualmente existentes e não, como anunciaram, fechar estações e despedir trabalhadores».
«Assim, perante o autismo da CE da Empresa, o único caminho é o da exigência da reversão total da privatização dos CTT, existindo já uma petição nesse sentido entregue na Assembleia da República. O Governo tem que assumir as suas responsabilidades no sentido de salvaguardar a Rede Pública Postal e para que o Serviço Postal Universal volte a ser prestado com qualidade às populações e empresas», defenderam os sindicatos.
No mesmo comunicado, os sindicatos representantes dos trabalhadores do grupo CTT exortam a população a participar na manifestação que vão promover em Lisboa, no dia da greve.
Municípios contra «maior degradação»
Os municípios exortaram a administração do CTT, esta terça-feira, a acabar com as medidas restritivas que têm sido implementadas, designadamente as políticas de encerramento de estações e de despedimento de trabalhadores, que estão a degradar o serviço postal.
Em declarações aos jornalistas, após reunião do Conselho Directivo (CD) da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), em Coimbra, o presidente da associação, Manuel Machado, admitiu que as estações e postos dos CTT são «essenciais à garantia de um serviço postal que promova a qualidade de serviço e uma maior proximidade às populações».
Para além das «actuais condições de prestação desse serviço, em que se verifica uma degradação da qualidade, as anunciadas medidas de reestruturação», envolvendo «despedimento de trabalhadores» e encerramento de lojas, «causam enorme perplexidade», salientou Manuel Machado.
Para a ANMP, a intenção manifestada pela empresa de fechar mais 22 estações de Correios e de dispensar várias centenas de trabalhadores representa «um passo mais na direcção de uma maior degradação» do serviço postal.
«A prestação de um serviço postal universal de qualidade deve ser salvaguardada sem concessões a lógicas estritamente mercantilistas», destacou Manuel Machado, referindo que esta posição foi assumida pelo CD da associação, durante a reunião.
Recordando que compete à entidade reguladora – ICP (Instituto de Comunicações de Portugal)/ANACOM – «fixar os parâmetros da qualidade de serviço e os objectivos de desempenho para o triénio 2018-2020, associados à prestação do serviço universal pelos CTT», a ANMP apela para que ela seja «exigente e rigorosa nos parâmetros a estabelecer».
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