O serviço vai-se degradando: atrasam-se as entregas; o extravio de documentos é uma constante; encerram-se de dezenas de postos dos CTT para alienar património imobiliário... O resultado de tudo isto foi o afastamento e a desconfiança de dezenas de milhares de pessoas de um serviço que já foi público, fiável e relevante.
O Governo tem andado a empurrar com a barriga (e uns milhões de euros do erário público) o processo de renovação da concessão, agora previsto para depois das autárquicas. É preciso renacionalizar os CTT. Saíram os dados (fornecidos pelos próprios CTT) da avaliação de qualidade de Junho. Se a situação já era desastrosa, neste momento já só pode ser descrita como de qualquer ausência de vergonha, tal a sistemática e crescente violação dos índices de qualidade previstos no contrato de concessão. Os CTT sabem que têm o Governo na mão, e o seu comportamento reflecte isso mesmo. Este agravamento tem duas causas próximas: o facto de os CTT não terem tomado quaisquer medidas para cobrir a ida para férias de um número significativo de carteiros; e o facto de os CTT estarem a realizar reestruturações ilegais dos giros, para reduzir o número de trabalhadores, reestruturações que assentam em rotações que já não permitem cumprir os prazos contratualizados pois esses giros deixam de ser feitos com a regularidade exigida. «[O Governo prefere]manter uma oralidade de esquerda (através do ministro Pedro Nuno dos Santos) e uma prática de direita, submissa aos ditames do grande capital (através de outra personagem completamente diferente, o ministro das Infraestruturas e Habitação)» Continuando a não cumprir sequer um dos critérios de qualidade, o afastamento é tal que ultrapassa qualquer razoabilidade, atingindo em vários indicadores de qualidade os 20, 30 e 40%. E o mais grave nem é a violação sistemática e propositada destes indicadores de qualidade. É o que isso reflecte na vida das pessoas e das empresas. O correio sempre atrasado, as assinaturas de jornais e revistas degradadas pela falta de fiabilidade (perda de correio) e de velocidade (jornais entregues dias depois da data), os cartões multibanco a chegarem na mesma entrega que o pin, acabando com a segurança do uso deste tipo de meio, os anúncios de interrupção de serviço entregues com a factura cujo não pagamento os motivou, aldeias sem correio 15 e mais dias, consultas a que se falta, pensões que não se recebem, etc. E enquanto a gestão privada coloca a empresa neste descalabro, o governo não só se prepara para a recompensar com umas dezenas de milhões de euros através daqueles Tribunais Arbitrais desenhados para roubar o erário público, como se recusa a concretizar a renacionalização da empresa, preferindo manter uma oralidade de esquerda (através do ministro Pedro Nuno dos Santos) e uma prática de direita, submissa aos ditames do grande capital (através de outra personagem completamente diferente, o ministro das Infraestruturas e Habitação). O Governo tem andado a empurrar com a barriga (e uns milhões de euros do erário público) o processo de renovação da concessão, agora previsto para depois das autárquicas. É preciso que o Governo encontre a coragem necessária para fazer o que de há muito é evidente dever ser feito: renacionalizar os CTT Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Opinião|
CTT: a pouca vergonha continua
Relatório mensalde qualidade dos CTT (Junho 2021) Objec-tivo Reali-zado Demora de encaminhamento no correio normal - Velocidade 96,3 80,8 Demora de encaminhamento no correio normal - Fiabilidade 99,7 94,6 Demora de encaminhamento no correio azul (Continente) - Velocidade 94,5 75,4 Demora de encaminhamento no correio azul (Continente) - Fiabilidade 99,9 95,3 Demora de encaminhamento de jornais e publicações periódicas com periodicidade igual ou inferior à semanal - Velocidade 90,0 60,3 Demora de encaminhamento de jornais e publicações periódicas com periodicidade igual ou inferior à semanal - Fiabilidade 99,9 90,9 Demora de encaminhamento no correio transfronteiriço intracomunitário - Velocidade 88,0 45,5 Demora de encaminhamento no correio transfronteiriço intracomunitário - Fiabilidade 97,0 79,6 Demora de encaminhamento do correio registado - Velocidade 90,0 77,8 Demora de encaminhamento do correio registado - Fiabilidade 99,9 96,3 Contribui para uma boa ideia
Só nos últimos três anos, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN) estima que 950 trabalhadores tenham sido despedidos, um número superior, aliás, àquele que a administração inicialmente previra.
Esta convocatória pretende dinamizar um dia de luta contra a progressiva destruição dos CTT «que está a ser levada a cabo por esta administração», sem outro objectivo que não a «deterioração do serviço postal», extraindo quanto lucro nele ainda houver, esclarece o comunicado destes sindicatos remetido pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) ao AbrilAbril.
Os trabalhadores dos CTT de todo o país saem à rua no dia 19 de Novembro, em Lisboa, «pelo aumento dos postos de trabalho, factor fundamental para prestar um serviço de qualidade». Reclamam ainda o aumento dos salários e a manutenção dos direitos.
Para além do SNTCT, a convocatória junta o SITIC, SINQUADROS, SINTTAV e FENTCOP.
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