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Insolvências no Têxtil põem em risco futuro de centenas

Em duas semanas foi anunciada a intenção de encerrar a fábrica têxtil Crisof, em Celorico de Basto, e a Coelima, em Guimarães, abrindo a porta da rua a um total de 360 trabalhadores.

Créditos / publicdomainpictures

Os 110 funcionários da empresa de confecções Crisof, na vila de Garandela (Celorico de Basto), foram surpreendidos, no passado dia 31 de Março, com o anúncio de encerramento.

Segunda-feira, alguns deles reuniram-se à porta das instalações onde trabalhavam para receberem os papéis que lhes permitem inscrever-se no centro de emprego e começar a receber o subsídio.

Em declarações ao AbrilAbril, Francisco Vieira, dirigente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes (CGTP-IN), entende que o passivo de 330 mil euros era solucionável e a empresa teria viabilidade. «Desses 330 mil euros, 210 são ao Banco Montepio, 99 à Autoridade Tributária e 19 mil a uma outra empresa do ramo. No total são sete credores. Não há dívidas à Segurança Social, nem salários em atraso», explica.

A administração pagou o salário de Março e tem apenas por cumprir parte dos subsídios de Natal e de férias deste ano, que era pago em duodécimos. Contudo, o dirigente sindical reforça que há cinco anos que uma empresa denominada Desafios Casuais, que tem duas sócias em comum com a Crisof, labora nas mesmas instalações.

«Esteve em cima da mesa a possibilidade de passar estes trabalhadores para a Desafios Casuais mas não se concretizou. Algo poderá estar em curso numa perspectiva de falir para depois reestruturar», alerta o dirigente.

Coelima insolvente deixa em risco 250 trabalhadores

Também a histórica fábrica têxtil Coelima, da vila de Pevidém, concelho de Guimarães, se apresentou, ontem, a insolvência junto do Tribunal de Guimarães.

O encerramento é acompanhado da intenção de adoptar um Plano Especial de Revitalização (PER) que possa salvar a empresa, mas o destino dos 250 trabalhadores vai ser decidido pelos credores.

Em comunicado, a empresa diz apenas que «decidiu avançar com o pedido de insolvência, fruto da situação criada pela pandemia, que provocou uma forte redução das vendas e uma pressão sobre a tesouraria insustentável».

A partir de agora, o Tribunal tem três dias úteis para declarar a insolvência e a empresa tem um mês para apresentar o PER. Se for aprovado pelos credores, entra em vigor, caso contrário a fábrica fecha.

Por ter sido anunciada de surpresa, a notícia da insolvência «caiu como uma bomba» junto dos trabalhadores, afirma Francisco Vieira, que também é delegado sindical da Coelima.

«Fui contactado para saber da minha disponibilidade para uma reunião, mas não imaginava a ordem de trabalhos, sinceramente não estava a contar». Francisco Vieira acrescenta que o sindicato «vai fazer tudo para não deixar cair a empresa e vai defender os interesses dos trabalhadores», motivo pelo qual serão agendados plenários na próxima semana.

Nos anos 60, com quase 4000 trabalhadores, esta chegou a ser a maior fábrica têxtil do Mundo, com habitação social, supermercado próprio, um orfeão, equipas de ciclismo e futebol.

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