Em declarações ao DN, Ricardo Valadas, presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) da PJ, disse ter ficado em «choque» após ter lido a versão final da proposta do Governo para o novo estatuto, que classificou como um «péssimo ponto de partida» para as negociações.
«Com este estatuto, fica esfrangalhada qualquer estratégia de carreira de investigação criminal. Para quem lhe é exigido a vida pelo País, é um verdadeiro atentado, uma afronta, contra a carreira de investigação criminal, pondo em risco a sua independência», frisou Ricardo Valadas.
Para o dirigente sindical da PJ, «o que está agora na proposta, está muito, muito longe» do que era esperado pelos profissionais, tendo classificado as questões remuneratórias como «ultrajantes», devido à perda de remuneração, bem como a falta de quaisquer compensações pelo aumento das exigências aos inspectores.
Por outro lado, apesar de reconhecer a «abertura, que nunca houve antes, por parte do Governo», Ricardo Valadas afirmou que os profissionais estão desiludidos com a versão final que «ficou muito aquém» das reivindicações dos inspectores da PJ, sobretudo tendo em conta que o estatuto actual tem 20 anos e nunca foi actualizado.
Em Fevereiro passado, as três associações sindicais representativas dos funcionários da Polícia Judiciária realizaram uma greve parcial, entre os dias 5 e 12, contra a crónica falta de recursos humanos e materiais, o atraso na revisão das carreiras e na aprovação da nova lei orgânica da PJ e a sucessiva recusa da tutela em promover a reposição dos escalões que foram congelados.
À altura, o representante do ASFIC sublinhou que os quadros da PJ não se sentem valorizados, alertando para uma «carreira muito sacrificada», e que o problema está a levar à desmotivação dos quadros e ao abandono pelo «sector privado», pois «um inspector que acabe de ingressar nos quadros da PJ recebe o mesmo vencimento que um elemento com dez ou 20 anos de serviço».
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