A informação foi avançada na audição que decorre esta manhã na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República pelo gestor dos CTT. Lacerda explicou que, por ano, saem 150 trabalhadores por «razões naturais», resultando em 450 saídas até ao final de 2020. Sobram 350 trabalhadores que terão que ser forçados a sair para cumprir a meta de 800, anunciada no final do ano passado.
Apesar de insistir que a empresa não vai despedir ninguém, a audição de hoje tornou evidente que, pelo menos em parte, as saídas vão mesmo que ter de ser forçadas – ainda que venham a ser maquilhadas como «rescisões amigáveis» ou por «mútuo acordo».
No período que antecedeu a privatização dos CTT, entre 2007 e 2013, foram eliminados mais de 3000 postos de trabalho na empresa. No ano passado, pela primeira vez, os Correios falharam um dos indicadores de qualidade impostos pelo regulador. Já este ano, o número de critérios foi alargado e as metas fixadas em níveis mais exigentes, num momento em que os CTT despedem, encerram lojas e a degradação do serviço público postal se evidencia.
A reversão da privatização da empresa tem estado em cima da mesa, apesar de o Governo e o PS darem sinais de não pretenderem avançar por esse caminho. O PCP pretende que a empresa regresse ao controlo público, tal como o PEV, enquanto o BE quer apenas retirar a concessão de serviço público, mantendo parte do grupo nas mãos de privados – nomeadamente o Banco CTT.
Os Correios têm em curso um plano de reestruturação cujos efeitos já se começaram a sentir. Das 22 lojas que a empresa prevê fechar até ao final do ano, oito já encerraram. Mais de duas dezenas de autarquias subscreveram uma carta contra os encerramentos, por iniciativa da Câmara Municipal do Seixal, que foi enviada à administração dos CTT esta segunda-feira.
Está prevista para 5 de Fevereiro uma reunião entre o Município do Seixal e a gestão dos Correios, para a qual foram convidadas as restantes autarquias signatárias do protesto.
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