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O prémio até pode valorizar a empresa, mas os trabalhadores não o sentem

Pelo segundo ano consecutivo, a EDP recebeu um prémio internacional que distingue bons empregadores. Um estudo do clima organizacional identificou, pelo menos, 56% de trabalhadores descontentes.

Trabalhadores dos call centers da EDP na Manifestação Nacional da Juventude, realizada ontem
Créditos / Jorge Caria

O Top Employers Institute, instituto sediado em Amesterdão, Holanda, é uma «autoridade global que distingue a excelência nos recursos humanos» de empresas de todo o mundo. É a segunda vez que a EDP se encontra ao lado das 24 outras empresas que operam no território nacional reconhecidas como Top Employer (Empregador de topo).

A companhia é de luxo. Para além do Grupo EDP, também o Lidl (que no ano passado procurou impedir trabalhadores de aceder à vacina contra a Covid-19), a PepsiCo (que o ano passado se recusava a atribuir o prémio de assiduidade às mães trabalhadoras) e até a Saint-Gobain (que vai deslocar a produção para países mais baratos, despedindo 200 trabalhadores no processo) foram certificadas com o prestigiado galardão.

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Greve na EDP contra aumentos «de miséria»

Os trabalhadores da EDP cumprem uma greve nacional para reivindicar aumentos salariais e uma «mais justa» progressão na carreira, e concentraram-se esta manhã junto à sede da empresa, em Lisboa.

Logotipo da EDP (foto de arquivo)
CréditosAntónio Cotrim / LUSA

Em comunicado, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Elétricas (Fiequimetal/CGTP-IN) diz recusar «que gozem com quem trabalha» e exorta os trabalhadores a mostrarem «o seu descontentamento, aderindo à greve de 24 horas e participando na concentração» marcada para a Avenida 24 de Julho.

Segundo adianta, nessa altura será entregue um abaixo-assinado «por uma nova e mais justa progressão nas carreiras», que a federação diz ter recolhido «centenas de assinaturas de trabalhadores da EDP».

Em causa está o que a Fiequimetal descreve como uma «postura escandalosa da administração da EDP, que beneficia salários moralmente inaceitáveis, enquanto aos trabalhadores dirige "elogios públicos" e "pontapés privados"».

Para a federação, a proposta da administração da EDP para aumentos salariais de 0,5% é «uma miséria»: «Durante seis reuniões [a empresa] andou a dizer que não pretendia aumentar salários, depois lá foi, timidamente, alterando e, neste momento, está com 0,5 [%], que é uma miséria para uma empresa que teve 801 milhões de euros de lucro», disse à Lusa o representante da Fiequimetal responsável pelas negociações com a EDP e trabalhador na empresa há 34 anos.

Conforme explicou Joaquim Gervásio, a proposta inicial dos sindicatos era de 90 euros de aumento, mas estes sempre se manifestaram «abertos a negociação».

«Dissemos inclusive à empresa que não aceitávamos começar a negociar enquanto esta não pusesse na mesa pelo menos o equivalente àquilo que subiu o salário mínimo nacional, porque isto é uma empresa que tem trabalhadores muito especializados, necessitam de ser valorizados», afirmou.

Segundo o dirigente sindical, os trabalhadores, «que geram a riqueza», sentem-se menos valorizados do que os accionistas, que «só compram acções uma vez» e recebem os dividendos todos os anos.

«Além dos mais de 800 milhões, relativos a 2020, que passaram para o lado dos lucros (dos quais mais de 753 milhões vão para dividendos), a administração vai pagar 2,4 milhões de euros nos próximos três anos ao antigo presidente (António Mexia) só para ele ficar sentado e ao actual CEO, Miguel Stilwell de Andrade, a administração propôs e os accionistas aprovaram pagar 1,4 milhões de euros por ano», critica a Fiequimetal.

Segundo a federação, são os trabalhadores que «dão tudo para manter a EDP líder em inovação, defendendo uma empresa que tem de voltar a ser fundamental para o desenvolvimento do País e da economia».


Com agência Lusa

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Em contraciclo, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN) está certa de que «os prémios obtidos até podem valorizar o Grupo EDP», mas, infelizmente, os «trabalhadores não vivem dos prémios que a administração pode com orgulho exibir».

«É imperativo que a administração Top Employer dignifique este prémio, através do reconhecimento dos trabalhadores que estão em fim de carreira e da valorização dos mais jovens (a quem é preciso garantir uma evolução na carreira condicente com as competências adquiridas)».

Passar das palavras aos actos é muito simples: cabe à administração do Grupo EDP negociar a progressão de carreira, o aumento do valor pago pelo serviço de disponibilidade e um aumento geral de todos os salários, que garanta a atribuição, a todos os trabalhadores, da remuneração por antiguidade.

A Fiequimetal mantém a expectativa de que, em 2022, e «ao contrário do ano que passou, a administração honre o prémio Top Employer valorizando quem trabalha» na empresa.

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