A acção de luta reuniu cerca de uma centena de docentes que protestaram em frente ao Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, de modo a coincidir com o dia e local onde se realizava o Conselho de Ministros.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, enumerou situações de abusos e ilegalidades às quais os professores estão sujeitos.
«Neste momento, os professores têm horários absolutamente ilegais – o horário médio semanal de um professor é de 46 horas e 42 minutos e não as 35 que a lei estabelece; os professores têm hoje turmas com excesso de alunos e têm um tremendo trabalho burocrático com múltiplas reuniões», destacou.
Para Vítor Januário, professor de São João da Madeira, os problemas da carreira docente não foram agravados pela pandemia, mas sim «ampliados, na medida em que os tornou mais visíveis».
Relativamente aos horários, Vítor Januário defendeu que se «mantêm nos mesmos termos. São sempre aumentados por força de todo o trabalho semanal que temos [e não são valorizados]».
O trabalho do docente não termina na escola, estende-se para casa e Vítor Januário acrescentou que a precariedade, a falta de um vínculo laboral, e o envelhecimento do corpo docente são agravantes das condições de trabalho.
Já a professora da zona de Coimbra Ana Neves falou dos bloqueios na carreira com um adereço de uma escada na mão.
«Temos dez degraus, mas há dois que estão partidos. São os sítios em que nós ficamos bloqueados. Eu tenho a sorte de já ser velha e ter passado, mas, se as pessoas chegarem ao quarto e ao sexto escalão e não tiverem vagas, não progridem», referiu.
Desde 2018 que a Fenprof tem procurado dialogar com o Ministério da Educação para melhorar as condições dos professores, mas até hoje diz que não teve sucesso.
«É inconcebível termos um ministro da Educação que não dialoga, que não negoceia, que está de costas para os professores», afirmou Mário Nogueira.
No final da manifestação, Mário Nogueira foi entregar ao Executivo uma resolução com propostas votadas por todos os docentes presentes.
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