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Se a IP lucra 70 milhões, trabalhadores não podem ter salários estagnados desde 2009

De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário a Infraestruturas de Portugal arrecadou, no primeiro semestre do ano, um lucro 20 vezes superior ao do período homólogo do ano passado e está na hora de partilhar a riqueza.

CréditosAntónio Pedro Santos / Agência Lusa

A Infraestruturas de Portugal (IP) não tem nenhuma razão para manter os salários dos trabalhadores estagnados. Quem o afirma é o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF), estrutura afecta à Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), que fez uma análise aos lucros da empresa pública.

Segundo o sindicato, a IP arrecadou, no primeiro semestre de 2024, 70,7 milhões de euros de lucro, 20 vezes mais que no mesmo período do ano passado. «Estes resultados só são possíveis graças ao empenho dos trabalhadores, e é justo que esta riqueza seja refletida nos seus salários» afirma o SNTSF que, em contraste, afirma que, desde 2009, os salários estão estagnados, e a insatisfação dos trabalhadores tem vindo a crescer.

A par disto, a estrutura que integra a Fectrans denúncia também que na IP persiste a falta de progressão na carreira,o que  limita as oportunidades de desenvolvimento; promessa não concretizada de melhor conciliação entre vida pessoal e profissional; e perda contínua do poder de compra. 

«Enquanto o Salário Mínimo Nacional (SMN) tem aumentado, as actualizações salariais no grupo IP não têm acompanhado o mesmo ritmo. Profissões altamente qualificadas e com grande responsabilidade técnica estão a perder a sua diferença salarial em relação ao SMN», pode ler-se num documento do SNTSF que foi distribuído aos trabalhadores da empresa. 

Para ilustrar a situação, o sindicato diz que em 2017, a diferença entre o SMN e o salário da empresa era superior a 150 euros mensais, mas tem vindo a reduzir-se drasticamente. «Esta desvalorização prejudica a atractividade das empresas do grupo e desmotiva os  trabalhadores, comprometendo o futuro da IP», considera a estrutura representativa dos trabalhadores. 

Neste sentido, o sindicato entende que é necessário «corrigir estas injustiças» e defende a revisão do acordo colectivo de trabalho, «um passo essencial para garantir que as empresas do grupo IP sejam reconhecidas como locais onde o esforço e o compromisso de todos sejam devidamente recompensado». 

As propostas sindicais passam por aumentos salariais em 2025 superiores à inflação acumulada desde 2009, de 15% no mínimo de 150 euros por trabalhador; a uniformização do horário de trabalho, acabando com os horários de 40 horas, 37,5 horas e 36 horas, ficando todos os trabalhadores com 35 horas semanais; ou o fim da escalas de serviço com mais de seis horas.

O SNTSF/Fectrans entende que «esta revisão do acordo colectivo de trabalho representa um passo essencial para garantir que as empresas do grupo IP sejam reconhecidas como locais onde o esforço e o compromisso de todos sejam devidamente recompensados».
 

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