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Servirail impõe escala que implica 16 horas seguidas ao serviço da empresa

Trabalhadora obrigada a dormir na estação da CP de Braga sob ameaça de despedimento

A empresa que explora os bares dos comboios de longo curso da CP impôs um horário de 16 horas diárias a uma trabalhadora que foi obrigada a reintegrar. Na noite de quinta-feira o comboio atrasou-se e esta acabou o dia de trabalho a dormir na estação de Braga.

Na foto, o novo Alfa Pendular, apresentado na estação de Santa Apolónia, em Lisboa. 24 de Março de 2017
CréditosMário Cruz / Agência Lusa

A situação foi denunciada pelo Sindicato da Hotelaria do Norte (CGTP-IN), a quem a trabalhadora recorreu para impugnar o despedimento. Após a reintegração, no início do ano, a Servirail argumentou que já não tinha lugar na escala do Porto e impôs a integração na escala de Braga, que implica passar mais de 16 horas longe do Porto, onde reside, nos dias em que está de serviço, contou a trabalhadora ao AbrilAbril.

Foi a partir de 4 de Janeiro que, na sequência da sua reintegração determinada pelo Tribunal de Trabalho, foi confrontada com a alteração: passou a trabalhar dois dias e folgar outros dois para justificar a brutal carga horária. Para conseguir estar em Braga a horas de pegar ao serviço no comboio que parte às 10h05, sai do Porto às 8h05; à noite, regressa a Braga às 23h25, chegando à Invicta às 0h30.

Apesar dos protestos da trabalhadora e do sindicato, que sublinha que o horário imposto viola a disposição do acordo de empresa e a lei, a empresa tem respondido com ameaças disciplinares e de despedimento.

Na noite passada, o comboio em que seguia para Braga circulava com atraso e, quando chegou ao destino, a trabalhadora já não tinha transporte para o Porto. «Mandei mensagem a perguntar se cobriam o custo de um hotel ou do táxi e ainda não me responderam», afirmou. Acabou o seu dia de trabalho a dormir na estação de Braga, de onde saiu já esta manhã, às 10h05, de novo em serviço em direcção a sul. «Nem sequer fui ao Porto», concluiu.

Hoje, quando contactada pelo AbrilAbril, a trabalhadora afirmou que prevê que a situação se repita. Com a guarda partilhada da filha de seis anos, é obrigada a deixá-la com o pai nos dias em que trabalha.

Amanhã está de folga, mas na próxima segunda-feira volta a estar mais de 16 horas ao serviço da Servirail, longe da filha, «obrigada a dormir na rua com medo de ser despedida, só por ter optado pela reintegração no seu posto e local de trabalho», acrescenta o sindicato.

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