Comemorar Outubro

Numa época de profunda crise do sistema capitalista, de desigualdades crescentes, de guerra e de ascenso e recuperação de teses e práticas fascistas, o capital não olha a meios para escamotear a importância, alcance e conquistas da primeira Revolução, que há cem anos colocou de forma duradoura o Estado ao serviço do povo.

Da Revolução de Outubro nasceu a União Soviética, o primeiro país do mundo a praticar a igualdade entre homens e mulheres
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A campanha em curso recorre a sofisticadas formas de deturpação e de disseminação da mentira, que a todo o custo procuram apagar o impacto e prestígio que a Revolução de Outubro teve e tem a nível internacional. Entre filmes, livros oferecidos em massa, seminários e conferências de «especialistas», «documentários» em horário nobre nas televisões, poluem o espaço mediático as tentativas de silenciamento do papel de Outubro enquanto factor de progresso social, de paz e de avanço dos processos de libertação social e nacional no planeta.

É neste contexto que se insere o texto de ontem do Diário de Notícias, com o sugestivo título: «O czarismo estava condenado antes ainda da revolução de 1917». Publicado no Dia Internacional da Mulher, o artigo tem o mérito de evidenciar uma das profundas transformações introduzidas na sociedade russa – o da emancipação da mulher, só possível com a vitória bolchevique. Mas «as virtudes do escrito» ficam por aí.

Ao enfatizar a ideia de que seria inevitável a derrota do czarismo, desvalorizando a acção dos trabalhadores e do povo na tomada do poder, o «especialista» difunde uma tese amplamente assumida sempre que está em jogo a mudança da forma para manter os conteúdos. Ainda que sejam sempre processos complexos e diversificados, o desenvolvimento de tal tese encontra paralelo em muitas regiões e países do mundo.

Em Portugal, a «ala liberal» antes do 25 de Abril e as forças reaccionárias depois da Revolução dos cravos preconizavam basicamente o mesmo – manter os privilégios dos grandes grupos económicos e financeiros, num regime «mais democrático». Na Rússia, em 1917, eram os que se opunham à Revolução e afirmavam que o czarismo estava morto, mas mantinham tudo o que de essencial caracterizava aquele regime.

E foi porque não caiu no engodo da inevitabilidade que o povo tomou nas suas mãos a condução do seu destino e fez da União Soviética o primeiro país do mundo a pôr em prática ou a desenvolver, como nenhum outro, direitos sociais fundamentais, a atingir realizações pioneiras para a humanidade no campo da ciência e a dar um forte contributo para a derrota do nazi-fascismo.

Conquistas que tiveram e têm um impacto em todo o mundo, e fazem das comemorações da Revolução de Outubro um olhar para o futuro!

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