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Anta de grandes dimensões em Évora em «risco de colapso»

A Anta Grande do Zambujeiro é a maior do género na Península Ibérica mas está em «risco de colapso» devido ao «estado de abandono e de grande degradação», alertam especialistas e o edil local.

A Anta Grande do Zambujeiro, edificada entre 4000 e 300 anos antes de Cristo, é o maior monumento funerário do género na Península Ibérica. Situa-se perto da localidade de Valverde, no concelho de Évora, a poucos quilómetros desta cidade.
CréditosNuno Veiga / LUSA

A Anta Grande do Zambujeiro, a maior do género na Península Ibérica, situada no concelho de Évora, está em «risco de colapso», devido ao «estado de abandono e de grande degradação», afirmou o vice-presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), Luís Raposo, em declarações à Agência Lusa.

O monumento megalítico «encontra-se num estado bastante preocupante e em risco de colapso de toda a sua estrutura», referiu o arqueólogo. «É um velho problema, não é de agora. Sabíamos que existia um estado de abandono e de grande degradação progressiva», notou, considerando «fundamental que se tomem medidas para reforçar estruturalmente» a anta.

«As pedras verticais que compõem o monumento», sobretudo as do corredor, estão «praticamente à vista quase até à base», o que «faz com que esteja em situação progressivamente periclitante de colapso», descreveu Luís Raposo.

«Depois do reforço estrutural, é necessário pensar em termos arquitectónicos, de visita pública e de arranjo paisagístico, porque é um monumento que é visitado por milhares de pessoas, não obstante as condições em que se encontra», sublinhou.

«Um monumento muito especial»

Situada na Herdade do Sobralinho, perto da localidade de Valverde, a pouco mais de uma dezena de quilómetros da cidade de Évora, a Anta Grande do Zambujeiro é um templo funerário de grandes dimensões, cuja construção se situa entre 4000 e 3500 anos antes de Cristo.

O monumento, que ilustra a capacidade técnica e a complexidade da organização social das populações neolíticas que o construíram, foi declarado património de interesse nacional já em 1971. Uma grande quantidade de achados arqueológicos encontrados durante as escavações encontram-se no Museu de Évora.

Para Luís Raposo trata-se de «um monumento muito especial», que «deveria ser classificado como de interesse europeu e internacional» por ser «a maior anta de Portugal e da Península Ibérica», convidado ma visitar o local pela União de Freguesias de Nossa Senhora da Tourega e Nossa Senhora de Guadalupe, no concelho de Évora.

O dirigente da AAP advertiu também para o acesso ao monumento, localizado numa propriedade privada, nomeadamente uma ponte pedonal de madeira que está num estado de «degradação muito avançado», um quadro que definiu como «bastante desolador, perante a importância do monumento».

Junta de freguesia propõe requalificação

O presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora da Tourega e Nossa Senhora de Guadalupe, Joaquim Pimpão, afirmou à Lusa que, perante a visível degradação da Anta Grande do Zambujeiro, a autarquia organizou a visita da AAP para «ter uma avaliação mais técnica» da situação.

O autarca da CDU, que desde 2009 lidera a união de freguesias local, referiu ter a AAP «pessoas com outros conhecimentos e capacidades de avaliação que nós não temos para podermos sustentar melhor a nossa decisão de propor a requalificação».

Joaquim Pimpão frisou que a prioridade deverá passar por estabelecer um entendimento com o proprietário do terreno onde se situa a anta, salientando que, caso contrário, torna-se «difícil haver algum investimento público» no monumento.


Com Agência Lusa

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